Resumo |
Espécies de Calonectria podem causar a mancha foliar em eucalipto, mas nos últimos anos, os surtos da mancha-de-calonectria foram atribuídos à espécie C. pteridis. Resultados recentes de diagnose de plantas com sintomas de mancha foliar, têm revelado com frequência a presença de espécies pertencente ao complexo Calonectria candelabra. Apesar da mancha-de-calonectria, ser considerada uma das principais doenças fúngicas do eucalipto, sabe-se pouco a respeito da distribuição e diversidade genética de populações de espécies do complexo C. candelabra no Brasil. Conhecer a população do patógeno responsável pelas epidemias da doença, é fundamental para obter sucesso na seleção de genótipos de eucalipto resistentes à doença. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo, identificar as espécies de Calonectria encontradas em plantios comerciais de eucalipto no Brasil e acessar a variabilidade genética das populações do complexo C. candelabra. A partir da análise de amostras de solo e plantas com sintomas característicos da doença foram obtidos 79 isolados de Calonectria. Para a identificação dos isolados, realizou-se análise morfológica seguido da identificação molecular baseada em sequências parciais do gene codificador de Fator de elongação 1-α (tef1). As sequências de consenso foram montadas usando o software SeqAssem. Para análises filogenéticas, além dos 81 táxons sob investigação, sequências adicionais foram recuperadas do GenBank. Trinta e oito táxons foram incluídos neste estudo, representando 18 espécies de Calonectria spp. e um outgroup (Curvicladiella cignea). Os alinhamentos foram gerados utilizando a ferramenta Clustal W implementada no software MEGA 7. Análises filogenéticas pelos métodos de Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana foram realizadas para o conjunto de dados. Para o estudo da diversidade genética, 43 isolados do complexo C. candelabra foram genotipados utilizando dezesseis marcadores ISSR. Até o momento foram obtidos resultados utilizando cinco marcadores ISSR. Os perfis dos fragmentos obtidos com ISSR foram usados para construir uma matriz binária, atribuindo valor 1 à presença e 0 à ausência de banda. Dentre os 79 isolados obtidos, seis foram identificados como C. brassiana, 16 como C. candelabra, um como C. eucalypticola, quatro como C. nemuricola, três como C. pauciramosa, quatro como C. piauiensis, seis como C. pseudometrosideri, cinco como C. pseudoespathulada, um como C. putríramosa, 14 como C. silvicola e 19 como C. spathulata, todos pertencentes ao complexo C. candelabra. Até o momento, foram genotipados 37 isolados dos quais 35 genótipos diferentes foram encontrados. Um dendrograma UPGMA baseado nos locos polimórficos mostrou seis grupos com similaridade acima de 40% de acordo com a região geográfica. Não foi possível verificar a separação dos isolados com base nas espécies identificadas. Apenas quatro isolados de C. spathula de Santa Catarina formaram um grupo com similaridade acima de 80%. |