Resumo |
O grupo de bactérias ESKAPE, acrônimo para Enterococcus faecium, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter spp, vem se mostrando um desafio para os profissionais da saúde e da OMS devido a multirresistência que vem adquirindo ao longo do tempo. Bacteriófagos, também chamados de fagos, são vírus que infectam bactérias e, por serem específicos, são capazes de combatê-las de forma segura. O objetivo desse trabalho foi isolar fagos contra isolados bacterianos pertencentes ao grupo ESKAPE presentes no Laboratório de Imunovirologia Molecular da UFV (LIVM), sendo eles Enterococcus faecalis ATCC 29212, Klebsiella oxytoca ATCC 13182, Enterobacter cloacae ATCC 13047, além dos isolados ambientais Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus. Sendo assim, foram recolhidas amostras do Rio São Bartolomeu (na altura da localidade de Barrinha) e da Suinocultura da Universidade Federal de Viçosa. Tais amostras foram centrifugadas e filtradas e 5 mL do sobrenadante foi adicionado à tubos contendo o mesmo volume das bactérias de interesse, crescidas overnight. A mistura foi incubada à 37°C, com agitação leve de 100 rpm. Após 12hs de incubação, a mistura foi plaqueada pelo método de dupla camada em meio de cultura “Brain Heart Infusion Agar” (BHI). Foi considerado como resultado positivo para presença de fagos o aparecimento de placas de lise (pequenos pontos translúcidos no tapete bacteriano decorrentes da morte celular, resultado da infecção fágica). A morfologia das placas de lise foi analisada e as que apresentaram formatos de placas de lise distintas, assim como diferentes hospedeiros, foram propagadas de forma independente. Após 3 rodadas de propagação (quando uma única placa de lise é recortada e colocada em meio de crescimento estéril, para garantir que um único fago seja propagado) foi considerado concluído o isolamento viral. Dessa forma, foram isolados dois fagos para Klebsiella oxytoca ATCC 13182, um para Enterococcus faecalis ATCC 29212 e um para Enterobacter cloacae ATCC 13047. Já para Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa não foram encontrados fagos a partir das amostras recolhidas. Têm-se como perspectivas futuras a caracterização destes fagos em experimentos que avaliam a estabilidade térmica e em diferentes valores de pH, o espectro de hospedeiros e a eficácia em diminuir a formação de biofilmes bacterianos. Além do sequenciamento e a consecutiva análise do genoma viral para a procura de genes de lisogenia ou qualquer outra característica que possa vir a impedir que esses fagos sejam utilizados como agentes fagoterápicos. |