Resumo |
A suinocultura no Brasil é uma atividade rentável que tornou o país o quarto maior produtor de carne suína do mundo. Nesse contexto, o Senecavirus A (SVA) é um agente viral que merece destaque, visto que pode acarretar prejuízos significativos ao setor. O SVA já foi descrito em vários rebanhos do país. O vírus é responsável por causar doença vesicular, clinicamente indistinguível de infecções vesiculares virais clássicas, incluindo a Febre Aftosa, causando embargos nas propriedades e abatedouros. Não há tratamento específico e a prevenção ocorre principalmente por medidas de biossegurança. Entretanto, ainda não existem testes padronizados para a detecção do agente no campo. Dessa maneira, este estudo tem como objetivo a expressão de uma proteína quimérica, desenhada a partir de genes recombinantes de SVA em E. coli e a confecção final de um teste de imunocromatografia de fluxo lateral. Utilizando a sequência da proteína de capsídeo VP2 do SVA foram realizados seleção de epítopos para construção do gene quimérico pelos programas BepiPred, IEDB e ABC Pred. As regiões foram ainda sobrepostas na conformação tridimensional do capsídeo pela plataforma PDB e a predição da estrutura terciária da proteína final foi analisada pelos softwares CHIMERA e I-TASSER. Visando a padronização dos soros que serão posteriormente utilizados para uniformizar os futuros kits rápidos, foi construída uma soroteca de amostras positivas e negativas utilizando o ensaio de soroneutralização in vitro. Para isso, foram utilizadas 25 amostras de suínos de granja comercial da região de Ponte Nova/MG, 48 de javalis de vida livre e 52 de catetos. Os soros foram distribuídos em microplacas de 96 cavidades, sendo a primeira coluna reservada para o controle de células e a primeira linha para o de citotoxicidade. As diluições foram feitas entre as linhas B e H na base 2 de forma crescente do soro, desde 1:2 até 1:128. Também foram feitos testes com a placa invertida, permitindo com que fossem realizadas uma maior quantidade de diluições, sendo elas de 1:512 até 1:2048. Depois desse procedimento, cada cavidade recebeu uma alíquota viral e a leitura foi realizada após 72 horas de incubação. Concomitantemente, o plasmídeo vetor pet28a (+), contendo o gene quimérico foi obtido pela empresa FASTBIO e sua clonagem realizada em DH5α a fim de amplificar o material genético. Nos resultados de soroneutralização observou-se neutralização de anticorpos em diferentes títulos de anticorpos (≥128, 128, 1024, 512, 2048, 512 e 16) nas categorias de javalis e suínos domésticos, sendo 1 javali considerado positivo (1/48) e 17 suínos domésticos apresentaram resultados positivos (17/25). Assim, sugere-se a circulação do SVA nas granjas de suínos na Zona da Mata, além de uma possível circulação em ambiente silvestre. Ademais, a construção do gene quimérico pode ser um primeiro passo para a produção de outros métodos de detecção indireta e rápida do SVA. |