Resumo |
Introdução: O toque vaginal é o método padrão para avaliação da progressão do trabalho de parto, além de permitir a identificação de desvios da normalidade, o que corrobora com intervenções apropriadas e prevenção da morbidade materna e fetal. Apesar de não haver muitas evidências sobre sua efetividade, através desse exame é possível avaliar as condições do colo uterino, estado das membranas, apresentação fetal e possíveis alterações na pelve da parturiente. Por ser invasivo, o toque pode gerar desconforto, dor e constrangimento à mulher. Ademais, o toque excessivo é uma das manifestações da violência obstétrica. Objetivo: Avaliar a realização de toque vaginal na assistência ao parto em uma maternidade da zona da mata mineira. Metodologia: Dados parciais de um estudo maior intitulado “Análise do perfil, experiência e percepção de mulheres que vivenciaram a violência obstétrica em dois municípios da Zona da Mata mineira, à luz das políticas públicas de direitos reprodutivos e assistência à mulher no período gravídico e puerperal”, aprovado pelo Comitê de Ética pelo parecer 5.226.422. A coleta de dados se deu em maternidade de um hospital, mediante questionário. Foram analisadas 95 respostas. A variável selecionada para análise por esse estudo é a realização de toque vaginal durante a assistência ao trabalho de parto. Foi utilizada estatística simples, por meio de frequência absoluta e relativa. Resultados: Dentre as mulheres que responderam à pesquisa, 68 (71,6%) receberam toque vaginal e dessas, apenas 32 (33,7%) tiveram parto normal. Para as que tiveram parto normal, tem-se que 8 (25%) delas referiram toques num intervalo < 2 horas; 9 (28%) referiram o intervalo de 2 a 4 horas; 2 (6,25%) receberam toques num intervalo > 4 horas; 4 (12,5%) mulheres receberam apenas 1 toque; e, 9 (28%) não souberam informar o intervalo entre eles. Algumas das mulheres que não souberam informar o tempo entre os toques relataram ocorrência aleatória e sucessiva. Apenas 41,3% (26) das mulheres que tiveram cesarianas não receberam toque vaginal. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o número de toques vaginais seja limitado aos estritamente necessários e uma vez a cada 4 horas. Em concordância, as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto indicam o mesmo intervalo ou, se houver suspeita de falha na progressão, a cada 2 horas. Conclusão: Chama a atenção que o número de mulheres que tiveram o toque num intervalo < 2 horas é semelhante ao número das que tiveram o toque num intervalo de 2 e 4 horas. Mostrando que os intervalos recomendados não são seguidos majoritariamente. Por fim, quando o toque excessivo está associado ansiedade por parte da equipe assistencial, tem-se a desconsideração da naturalidade do processo fisiológico de parir. |