Resumo |
A família Solanaceae é conhecida por possuir importantes espécies medicinais, como a Withania somnifera, usada na medicina Ayurvédica. Essa espécie possui propriedades medicinais atribuídas a metabólitos secundários da classe vitanolideo. A ação anticolinesterásica está entre as atividades relatadas para esses compostos, justificando assim, sua investigação científica na busca de medicamentos para o tratamento da doença de Alzheimer. No Brasil, espécies do gênero Athenaea (Solanaceae) são filogeneticamente associadas ao gênero Withania. Nosso grupo de pesquisa identificou vitanolídeos na espécie A. velutina. O presente trabalho visa a investigação fitoquímica e avaliação do potencial inibidor de acetilcolinesterase de diferentes extratos de A.velutina. Folhas da espécie foram coletadas em populações nativas no Parque Estadual do Itacolomi, Ouro Preto, MG. Após seleção, secagem e moagem, o material vegetal seco foi submetido ao percolação seriada exaustiva com os solventes hexano, diclorometano e etanol. Os extratos foram secos empregando evaporador rotativo a vácuo. Usando cromatografia em camada delgada, foi realizada a prospecção fitoquímica dos extratos para a identificação de diferentes classes de metabólitos secundários. A inibição de acetilcolinesterase foi avaliada pelo método Ellman. Os extratos foram avaliados na concentração de 400μg/mL cada, sendo calculadas as porcentagens de inibição após 10, 20 e 30 minutos de incubação. Verificou-se a presença de esteroides/terpenos nos extratos hexânico e diclorometânico de A. velutina. Já os óleos essenciais foram encontrados somente no extrato hexânico. Compostos fenólicos, flavonoides e saponinas foram identificados no extrato etanólico, enquanto alcaloides foram encontrados nos extratos etanólico e diclorometânico. Nos ensaios de inibição, o extrato etanólico foi o que apresentou maior atividade anticolinesterásica, com 65,3, 62,9 e 62,5% de inibição após 10, 20 e 30 minutos respectivamente. O extrato diclorometânico apresentou 19,3, 29,7 e 26,9% de inibição; enquanto o extrato hexânico não apresentou inibição em nenhum tempo avaliado. Dessa forma, pode-se confirmar que a espécie Athenaea velutina é fonte de metabólitos secundários com ação inibidora de acetilcolinesterase e que estes compostos bioativos estão associados àqueles retidos no extrato etanólico. Os vitanolídeos (esteróides), presentes no extrato diclorometânico, apresentaram baixa atividade inibidora da enzima. Conclui-se, assim, que a espécie A. velutina é fonte de compostos promissores para a inibição de acetilcolinesterase e que, provavelmente, esta ação se deva à presença de compostos fenólicos. |