Resumo |
Introdução: Sabe-se que diferentes características tais como o sexo, a idade, as doenças prévias e os sintomas presentes possuem relação com a prevalência de casos graves da COVID-19. Além disso, a perda de peso com consequente desnutrição prejudica a recuperação dos infectados. Nesse contexto, é importante conhecer os fatores associados à perda de peso, para estratificar riscos, contribuindo para amenizar os impactos da doença. O presente estudo integra o projeto de pesquisa "Estudo longitudinal multidisciplinar sobre a COVID-19 longa: identificação de clusters de sintomas persistentes e fatores preditores". Objetivo: Avaliar a associação entre características sociodemográficas e de saúde com a perda de peso de pacientes internados pela COVID-19 em Viçosa, MG no período de abril de 2021 a março de 2022. Metodologia: Os participantes internados pela COVID-19 são identificados nos hospitais São Sebastião e São João Batista e, por meio de seus contatos telefônicos, são convidados a participar do estudo, a partir de seis meses da internação. Um questionário com perguntas sobre características sociodemográficas, histórico de comorbidades, perda de peso durante a internação e sintomas prévios à internação, é aplicado por telefone. Até o momento, 38 indivíduos foram avaliados. Realizou-se análise descritiva dos dados e o teste qui-quadrado de Pearson foi utilizado para comparar a frequência de perda de peso de acordo com as variáveis de interesse. Resultados: Do total de 38 participantes, 28 (73,7%) eram do sexo masculino e a média de idade era de 47,8 (DP= 15,8) anos, variando de 21 a 84 anos. A frequência de perda de peso após o diagnóstico da doença foi de 86,8% e cerca de 52% relataram ter pedido mais de 5 kg. A frequência de perda de peso foi maior entre as mulheres (90,0%), entre aqueles na faixa etária de 21 a 49 anos (90,0%), de raça/cor branca (90,9%) e com maior escolaridade (94,4%). Observou-se maior frequência de perda de peso também entre os indivíduos sem histórico de hipertensão (96,2%), diabetes (90,6%), e entre aqueles com histórico de depressão e ansiedade (92,9%) e entre os que tinham dislipidemia (91,7%). A perda superior a 5 kg foi maior entre os indivíduos que relataram mais de sete dias de sintomas prévios à internação (80,0%), que relataram falta de apetite (76,2%) e diminuição ou perda do paladar (70,6%), em comparação aos seus congêneres. No entanto, as diferenças não foram estatisticamente significantes. Conclusão: O estudo evidenciou uma magnitude importante de perda de peso entre os pacientes hospitalizados após o diagnóstico de COVID-19. A ausência de associação significante entre essa perda e as características de interesse pode estar relacionada ao pequeno tamanho amostral. Como o estudo ainda está em curso, análises posteriores permitirão compreender melhor essa relação e subsidiar estratégias de intervenção direcionadas para o monitoramento da COVID-19 longa. |