Resumo |
Este é o relato de uma das atividades desenvolvidas pelo Programa Casa das Mulheres em Viçosa-MG, que tem como objetivo acolher mulheres em situação de violência doméstica e encaminhá-las aos atendimentos jurídico, psicológico e de assistência social. O programa é dividido em quatro eixos, sendo eles: Atendimento, Comunicação e Marketing, Observatório da Violência Contra a Mulher e Formação. Neste último, dentro do projeto “Agentes de enfrentamento à violência contra as mulheres em Viçosa-MG: Proposição da constituição de uma rede de vigilância e solidariedade” foram realizadas oficinas com crianças da comunidade Quilombola Buieié. Essa ação visa o cuidado e diálogo com as mesmas para que as mães possam frequentar os espaços formativos do projeto. Dessa maneira, criamos um ambiente seguro para as mulheres e crianças. Com a metodologia de arte-educação, primeiro trabalhamos a noção de pertencimento e identidade por meio de diálogos e desenhos criados pelas crianças, apresentando elementos que compõem a comunidade. No segundo encontro trabalhamos a noção de identidade mediante atividade de desenho do Self, para trabalhar a autoestima, identificando e valorizando suas identidades, contribuindo para uma construção positiva de sua história. Na primeira oficina, propomos um círculo para a dinâmica de apresentação. Durante a atividade, as crianças mostraram-se interessadas em saber quem éramos nós e em falar sobre elas. Após, manifestamos que gostaríamos de conhecer a comunidade onde elas moravam e para isso precisaríamos que elas fizessem um desenho que mostrasse elementos presentes no local e assim, por meio dos diálogos e desenhos pudéssemos trabalhar de forma lúdica a noção de pertencimento. Em nosso segundo encontro, iniciamos a conversa fazendo uso da “dinâmica do moranguinho”, como nomeamos a ação de passar um espelho em forma de morango, um para o outro, no momento da apresentação, para nos olharmos individualmente e falarmos de nossas características. As perguntas eram: qual seu nome, comida favorita, a brincadeira que gosta e o que gosta em você? Com a finalidade de nos conhecermos. Dentre as respostas, notamos a dificuldade inicial, das crianças, de verbalizar uma parte de si que as agrada, postura mitigada pela intervenção das estagiárias, que, ressaltando pontos positivos na aparência e personalidade das crianças, as deixaram confortáveis para interagir e desenhar-se quando apresentada a atividade de desenho Self, olhando para um espelho. Enquanto isso, falamos dos nossos traços, tranças, cores, preferências pessoais, ressaltando as belezas dos presentes e colocando em evidência a ancestralidade negra que se presentifica em ações de resgate da autoestima e identidades negras. A partir dos feedbacks das pelas crianças, pudemos notar que as ações foram positivas, dado que a noção de pertencimento extrapolou as fronteiras da ação relatada e consolidou-se no momento de nomeação, por parte das crianças, do espaço coletivo como “vida colorida”. |