Resumo |
INTRODUÇÃO: Os transtornos de ansiedade descrevem a experiência de preocupação, apreensão ou nervosismo em associação com sintomas físicos, cognitivos e comportamentais. Esses têm sido associados a mudanças da ingestão alimentar com preferências alimentares específicas, que podem, por sua vez, contribuir para o aumento do peso corporal. OBJETIVO: Avaliar a associação entre se sentir ansioso e o consumo de alimentos com sabor doce, bem como sua relação com o peso corporal em pessoas assistidas pelo Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular (PROCARDIO-UFV). METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal com 320 usuários (134 mulheres, 42,60 ± 0,91 anos) do PROCARDIO-UFV. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Of. Ref. nº 066/2012/CEPH) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Mediante consulta aos prontuários, foram avaliadas as seguintes variáveis autorrelatadas: sentir-se ansioso afeta a alimentação (sim/não) e aumento do consumo de alimentos com sabor doce ao sentir-se ansioso (sim/não). O peso corporal (kg), aferido na primeira consulta, usando balança digital ou antropométrica manual, também foi consultado. Os dados foram expressos como frequência absoluta e relativa e mediana e intervalo interquartílico, e as associações analisadas pelos testes qui-quadrado de Pearson e Mann-Whitney. As análises estatísticas foram realizadas usando o software STATA versão 13.0 (Stata Corporation, College Station, Texas, EUA), com nível de significância de 5%. RESULTADOS: A prevalência de pessoas que relataram sentir-se ansiosas foi de 72%, sendo maior no sexo feminino (83,4% vs. 16,6%, p=0,001) e entre os indivíduos com idade mais jovem de 38,5 (IQ: 26 - 55) anos. Ainda, 81,7% relataram aumentar o consumo de alimentos com sabor doce ao sentirem-se mais ansiosos. Esses participantes que revelaram aumentar o consumo de alimentos com sabor doce ao sentirem-se ansiosos apresentaram maior peso corporal, quando comparado com aqueles que não aumentam o consumo [77,3 (IQ: 67,2 – 91,4) kg vs. 71,4 (IQ: 64,7 – 82,1) kg, p=0,022]. CONCLUSÃO: Este estudo transversal mostrou uma maior proporção entre sentir-se ansioso e aumento do consumo de alimentos com sabor doce entre mulheres e indivíduos mais jovens. Por sua vez, esse aumento no consumo resultou em maior peso corporal entre os participantes do estudo. O aumento do consumo de alimentos ricos em açúcar tem influência nas vias bioquímicas das doenças mentais, bem como no peso corporal excessivo, e pode ser um comportamento compensatório voltado a proporcionar sensação de bem-estar. Portanto, a ansiedade e seus desdobramentos na ingestão alimentar devem ser investigados no atendimento nutricional, de forma a minimizar o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. |