Resumo |
O sagui-da-serra ou sagui-taquara (Callithrix flaviceps Thomas, 1903) é uma espécie de primata brasileiro, endêmico da Mata Atlântica, com uma pequena área de ocorrência no Sudeste brasileiro, que abrange parte dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Atualmente, o estado de conservação da espécie está classificado como “Criticamente em Perigo” pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, e “Em Perigo” pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBio. Dentre as principais ameaças que contribuíram para que a espécie se enquadrasse nesse estado de conservação, destacam-se a fragmentação do habitat e o processo de hibridação desencadeado por introduções antrópicas. No passado, espécies congêneres como Callithrix penicillata e Callithrix jacchus, nativos do Cerrado e Caatinga, respectivamente, foram introduzidas no Sudeste brasileiro por meio do tráfico ilegal de animais silvestres, em áreas endêmicas de C. flaviceps. As diferentes espécies do gênero Callithrix são capazes de reproduzir entre si e gerar descendentes híbridos e férteis que continuam se proliferando naturalmente, resultando na diluição genética da espécie nativa, que a longo prazo pode levar o sagui-da-serra à extinção se medidas não forem tomadas a tempo. Atualmente, os saguis nativos da região de Ipaba, em Minas Gerais, mais precisamente aqueles que habitam os fragmentos de mata da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) “Fazenda Macedônia”, pertencente à empresa CENIBRA (Celulose Nipo Brasileira S. A.), vem sofrendo com as pressões do processo de hibridação. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi implementar ações de manejo de um grupo de saguis híbridos (Callithrix sp.) nos fragmentos de floresta nativa ao redor da RPPN como medida de conservação do sagui-da-serra. Para isto, foi realizado um monitoramento do grupo, seguido da captura, baseada nos moldes do sistema de gatilho manual, utilizando armadilhas de gancho. Ao final da pesquisa, foi capturado um grupo de 8 indivíduos híbridos que, posteriormente, foi encaminhado para o Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra da Universidade Federal de Viçosa (CCSS/UFV), onde a esterilização e manejo ex situ desses indivíduos seriam conduzidos por profissionais da área. Por fim, promoveu-se a soltura de parte dos indivíduos em fragmentos de floresta nativa pertencente à empresa CENIBRA, visando a minimização do processo de hibridação com a espécie nativa. |