Resumo |
Na indústria de petróleo e gás natural, um dos principais agentes envolvidos com a corrosão de estruturas metálicas e danos às propriedades do óleo extraído, é o H2S. Esse composto é, majoritariamente, resultado da atividade catabólica de bactérias redutoras de sulfato (BRS). No âmbito da saúde, bactérias patogênicas como Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e Citrobacter freundii são responsáveis por uma série de infecções, como infecções superficiais de pele, intoxicação alimentar e danos ao trato urinário e respiratório, respectivamente. Uma das principais estratégias de prevenção é o controle das populações desses grupos de microrganismos. Desse modo, este trabalho teve como objetivo avaliar a inibição desses microrganismos (BRS e bactérias patogênicas) utilizando-se o lipopeptídeo surfactina, produzido pela linhagem geneticamente modificada Bacillus subtilis LBBMA RI4914 IsrfA. O extrato bruto de surfactina foi produzido a partir do cultivo da linhagem de B. subtilis em meio mineral com glicose, a 30 °C, 200 rpm, por 120 horas. O trabalho foi dividido em etapas, sendo a primeira a avaliação da Concentração Mínima Inibitória (MIC) para BRS, utilizando-se culturas mistas de Desulfovibrio alaskensis (P47 e UO-Rio), cultivadas em meio de cultura anaeróbio Postgate E. Para isso, foi preparada uma solução de trabalho (1 g L-1) de extrato bruto de surfactina) e os testes foram realizados em triplicata nas concentrações de 217,4, 142,9, 100 e 52,6 mg L-1 do extrato. Os inóculos foram diluídos dez vezes e inoculados (1 mL) em frascos do tipo penicilina contendo as diferentes concentrações de surfactina, seguindo-se incubação estática a 30 oC por dez dias. O crescimento foi avaliado pela produção de FeS (precipitado preto). A segunda etapa consistiu na avaliação da MIC para as linhagens S. aureus ATCC 12692, B. cereus ATCC 14579 e C. freundii ATCC 8090. Foi preparada uma solução de extrato bruto de surfactina a 2.000 μg mL-1 em caldo Mueller-Hinton (MHC). A solução foi adicionada em microplaca de 96 poços e submetida a uma diluição seriada para se obter a faixa de concentração de 7,8 a 1.000 μg mL-1 de extrato bruto. Os inóculos foram preparados em MHC e inoculados na microplaca de modo a se obter uma densidade de células de aproximadamente 5 x 105 UFC mL-1. As placas foram incubadas a 37 °C por 24 horas e o crescimento microbiano foi avaliado por meio de leitura da densidade óptica a 600 nm. O extrato bruto de surfactina apresentou atividade antimicrobiana contra as bactérias S. aureus (MIC = 62,5 μg mL-1), B. cereus (MIC = 31,25 μg mL-1) e C. freundii (MIC = 31,25 μg mL-1). O mesmo não inibiu o crescimento e a atividade de redução de sulfato das culturas mistas de BRS avaliadas. Outros caminhos, como a ligação da surfactina a nanocompósitos, devem ser avaliados visando à obtenção de uma alternativa de controle eficaz desse grupo de microrganismos causadores de biocorrosão. |