Resumo |
O tratamento de esgoto sanitário é de extrema importância para todos os seres vivos, incluindo o ser humano. Se lançado de forma incorreta, pode comprometer a qualidade dos corpos hídricos, o que prejudica o ecossistema e dificulta o acesso à água potável. O Brasil é um país que ainda possui muitas áreas em situações precárias de saneamento, sem uma estação de tratamento de esgoto que opera de acordo com as normas e legislação vigentes. O reator UASB (upflow anaerobic sludge blanket) é uma unidade de tratamento compacta e de baixo custo se comparada a outras unidades de tratamento, sendo muito utilizado no Brasil. Porém, uma das desvantagens do reator UASB é a baixa remoção de nutrientes como nitrogênio e fósforo, que podem oferecer riscos aos corpos receptores, necessitando de um pós tratamento de seu efluente. Uma alternativa são os biofiltros aerados submersos, que removem tanto nutrientes, quanto partículas em suspensão que ainda são encontradas no efluente anaeróbio que vem do reator UASB. Como etapa de um projeto maior que visa determinar as condições operacionais ótimas do reator UASB e dos filtros aerados para remoção de toxicidade dos esgotos, o presente estudo, realizado no Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa (LESA/DEC/UFV), avaliou o efeito do material filtrante presente nos filtros sobre a eficiência de remoção de nutrientes do esgoto, bem como da matéria orgânica. Dois filtros aerados submersos de bancada com 20cm de altura e diâmetro de 7,5 cm foram montados a partir de canos de PVC, um com cerâmica para aquários e outro com carvão como materiais suporte, ambos passaram por um período de adaptação para crescimento da biomassa. Os filtros foram alimentados com esgoto proveniente de um reator UASB também de bancada com volume útil de dois litros, operado a 30ºC e tempo de detenção hidráulica de 6h. Amostras de esgoto tratado foram coletadas, semanalmente, para quantificação da demanda bioquímica (DBO) e química (DQO) de oxigênio, do nitrogênio Kjeldahl total (NKT), e do fósforo total (P). A DBO no efluente tratado pelos filtros caiu de 37 mg/L para menor que 5 mg/L em ambos. Houve maior remoção de DQO (88% vs 85%) e fósforo (43% vs 10%) no filtro com cerâmica como material suporte. O filtro com carvão alcançou maior eficiência na remoção do NKT (93% vs 98%). O filtro com cerâmica se mostrou melhor para remoção de nutrientes, visto que a diferença na eficiência de remoção de nitrogênio foi pequena e a eficiência na remoção de fósforo é significativamente maior em relação ao filtro com carvão. A associação de um tratamento anaeróbio seguido de outro aeróbio se mostrou satisfatória em termos de qualidade final do efluente tratado. |