Resumo |
Introdução: A Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) é uma Infecção Relacionada à Assistência à Saúde que acomete tecidos, órgãos e cavidades advindo do procedimento cirúrgico, representando grave problema de saúde pública. A detecção de ISC no ambiente intra-hospitalar por meio da busca ativa nem sempre ocorre devido a redução do tempo de internação e consequente alta hospitalar precoce, em razão do ônus das hospitalizações às instituições e a manifestação de infecção ocorrer, principalmente, após a alta. Esse cenário de rápido período de hospitalização desfavorece a investigação e a elaboração de medidas resolutivas que podem reduzir os riscos de infecção, como o manejo de materiais estéreis, antissepsia correta das mãos, realização adequada do curativo no sítio cirúrgico e posterior orientação quanto aos cuidados necessários. Neste contexto, o Projeto "Vigilância de Infecção de Sítio Cirúrgico após alta hospitalar da Universidade Federal de Viçosa", em parceria com o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), visa, por meio da busca telefônica passiva, detectar infecções, monitorar pacientes e propor ações para implantação de cuidados preventivos no período perioperatório. Objetivo: Investigar a prevalência de ISC em seguimentos pós-alta hospitalar por meio da detecção por busca telefônica passiva. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal desenvolvido em parceria com o SCIH de um hospital de ensino no interior de Minas Gerais. A partir de uma consulta criteriosa nos prontuários dos pacientes internados no hospital no período de janeiro a dezembro de 2021 foram identificados aqueles que atendiam aos critérios de inclusão para a realização da busca fonada. Avaliou-se a presença de infecção em pacientes submetidos às cirurgias, sinais flogísticos e a associação entre antibioticoterapia e presença de ISC. Os dados foram analisados no software IBM SPSS Statistics, versão 23, através de estatística descritiva. Foram atendidos os requisitos do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (Parecer Ético Nº 3.720.588). Resultado: Foram monitorados 292 pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos limpos, com prevalência de ISC igual a 6,85%. Dentre os 292 pacientes, 126 (46,15%) relataram a presença de sinais flogísticos e/ou sintomas em sítio cirúrgico, sendo eles: a dor local em 88 (69,84%) pacientes, 63 (50,00%) com edema, 36 (28,57%) com secreção, 32 (25,40%) com vermelhidão e 15 (11,90%) com hipertermia avaliada com termômetro. Além disso, dentre o total de pacientes, 165 (56,51%) fizeram uso de antibioticoterapia, sendo que 17 (10,30%) apresentaram sinais de ISC. Conclusão: A realização da vigilância pós alta por meio da busca fonada denota a importância do papel da busca passiva na redução dos casos de subnotificações e possível identificação dos fatores de risco associados à presença de ISC, além de possibilitar a análise desse indicador em saúde e propor medidas para redução da taxa. |