Resumo |
O iodo é um mineral que tem como principal função atuar na glândula tireoide para síntese dos hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). O seu maior reservatório na natureza são os oceanos, os quais direcionam, de forma assimétrica, o teor de iodo no solo, na água e na atmosfera. O estado nutricional deste microelemento, bem como o funcionamento da glândula tireoide, é influenciado por diversos fatores, entre eles, o consumo de água e uso de agrotóxico. O objetivo deste trabalho é avaliar a associação entre o teor de iodo na água de consumo e uso de agrotóxico com a concentração urinária de iodo de agricultores familiares adultos da Região Geográfica Imediata de Viçosa-MG. Trata-se de um estudo transversal, realizado com agricultores familiares, que adquiriu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (parecer n° 4.664.517). Por meio de questionário semiestruturado, obteve-se informações sobre consumo de água e utilização de agrotóxicos. Realizou-se visita domiciliar para coletar 400 mL de água de consumo para análise do teor de iodo. Foram coletadas 50 mL de urina de cada participante para análise da concentração urinária de iodo no laboratório contratado. A concentração de iodo na água foi determinada pelo método espectrofotométrico “leuco cristal violeta”. Os dados foram analisados no SPSS. Realizou-se análises descritivas e teste Qui-quadrado de Pearson para verificar a associação entre as variáveis de interesse. O nível de significância adotado foi de 5%. Participaram do estudo 306 agricultores familiares, sendo 53% (n=161) do sexo masculino, com mediana de idade igual a 45 anos (mínimo=21; máximo=59). Verificou- se que 48% (n=146) apresentaram uso atual e pregresso de agrotóxicos. A mediana do teor de iodo na água corresponde a 3,90 mcg/L (mínimo=0; máximo=23,48). Segundo a classificação da concentração urinária de iodo (CIU) proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 20% (n=60) apresentaram deficiência de iodo; 32% (n=98), estado nutricional de iodo adequado; e 48% (146), excesso de iodo. A mediana da CIU foi igual a 196,93 mcg/L (mínimo=40,6; máximo=3649,07). Houve associação entre o uso atual e pregresso de agrotóxicos com a concentração urinária de iodo excessiva (p=0,017). Verificou-se associação entre o teor de iodo na água de consumo abaixo da mediana e a concentração urinária de iodo insuficiente (p=0,009). Conclui-se, que o baixo teor de iodo na água de consumo e o uso de agrotóxicos associaram com a concentração urinária de iodo de forma distinta, o primeiro estando associado com o resultado insuficiente, e o segundo, excessivo. Estes resultados fomentam a necessidade de novos estudos, com intuito de promover avanços científicos e sociais na avaliação do estado nutricional de iodo e os possíveis fatores associados. Agradecimentos: CAPES, FAPEMIG e CNPq. |