Resumo |
O conhecimento das dinâmicas de transformação do uso e cobertura da terra se mostra cada vez mais importante, uma vez que estão ligadas ao desenvolvimento socioeconômico, ao crescimento populacional e às alterações no meio natural, com destaque para aquelas relacionadas à produção agrícola. Tais mudanças puderam ser observadas nas últimas décadas em diversas regiões, principalmente devido às ações antrópicas, levando a impactos tanto na escala regional quanto global, como a perda de biodiversidade, erosão, inundações, entre outros. Consequentemente, faz-se necessária uma análise dessa dinâmica temporal para entender os efeitos da gestão do espaço, sendo esta uma importante ferramenta para o planejamento e tomada de decisão geoambiental. Dessa forma, objetivou-se analisar a dinâmica do uso e cobertura da terra na bacia hidrográfica do rio Muriaé para o período de 1985 a 2019. Essa bacia apresenta uma área de drenagem de 8163,68 km2, situada nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Foram utilizadas imagens da coleção 6.0 do projeto MapBiomas, que após reclassificacão passaram a compor sete classes: Agropecuária, Área não vegetada, Área urbanizada, Corpo d’água, Floresta, Formação natural não florestal e Mineração. As imagens reclassificadas foram importadas para o software Idrisi Selva e a transição temporal do uso e cobertura da terra foi quantificada por meio do módulo Land Change Modeler (LCM). A principal classe de uso e cobertura da terra foi a agropecuária, que abrangia 6858,29 km2 em 1985 e 6670,60 km2 em 2019, representando 84,01% e 81,71% da área total da bacia, respectivamente. Observou-se uma redução de 187,69 km2 da agropecuária, sendo 89,02% dessa área convertida em floresta. A classe floresta foi a segunda maior classe, com 1214,87 km2 em 1985 e 1362,01 km2 em 2019. Além disso, houve uma perda significativa de 36,60 km2 da agropecuária para área urbana, que representou 97,63% do aumento total ocorrido na classe, que passou de 33,45 km2 em 1985 para 70,94 km2 em 2019, mais que dobrando sua extensão territorial. Nas classes de menores proporções como mineração, formação natural não florestal e área não vegetada, houve um aumento menos expressivo de 0,02% em cada classe em relação ao ano de 1985. A análise do uso e cobertura da terra permitiu identificar as principais alterações que ocorreram entre os anos de 1985 e 2019 na bacia do rio Muriaé, como as transições entre as classes, persistência e área ocupada, em destaque a classe agropecuária, classe com maior extensão territorial em ambos em todo o período, embora tenha ocorrido um aumento das áreas florestais na bacia. Dessa forma, os resultados indicaram as principais pressões ambientais presentes na bacia do rio Muriaé, bem como o potencial da ferramenta LCM para auxiliar nas tomadas de decisão quanto à gestão geoambiental. |