Resumo |
Introdução: A COVID-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Em dezembro de 2019, o vírus foi descoberto em amostras de lavado broncoalveolar realizadas em pacientes com pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, na China. Desde então, houve uma explosão no número de casos em todo mundo, inclusive no Brasil, gerando uma pandemia. Apesar dos grandes esforços para conter o vírus, como a criação de novas vacinas, hoje ainda enfrentam-se muitos desafios, não somente pelos efeitos biomédicos e epidemiológicos da doença, mas também por suas repercussões socioeconômicas, políticas e culturais. A grave crise de saúde pública e o distanciamento social fizeram com que as pessoas alterassem seu estilo de vida, o que refletiu diretamente no processo saúde/doença e no acompanhamento por parte dos serviços especializados. Objetivos: Caracterizar o perfil de pacientes portadores de doenças crônicas atendidos pela Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UAES) de Viçosa-MG e avaliar os impactos das mudanças de estilo de vida, no contexto de pandemia. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal, desenvolvido a partir do projeto “O Enfrentamento das doenças crônicas no contexto da pandemia pelo coronavírus: os desafios na atenção secundária em saúde no SUS”. Por meio da aplicação de questionário semi-estruturado aos pacientes adultos da UAES, foram avaliados os dados sociodemográficos, clínicos, estilo de vida, saúde mental e hábitos durante a pandemia. Foram entrevistados 482 pacientes, número encontrado com base no cálculo amostral realizado no programa OpenEpi. As análises descritivas foram realizadas no programa STATA 13, por meio dos testes de Qui-quadrado e Mann-Whitney. Resultados: 78,22% dos entrevistados eram mulheres e mais de 60% delas relataram uma piora da saúde mental durante a pandemia. Entre os homens, essa piora foi relatada por 37,14%, uma diferença significativa em relação às mulheres (p<0,001). A idade média dos entrevistados foi de 45,79 anos, a média dos anos de escolaridade de 8,58 anos e a média do índice de massa corpórea (IMC) de 27,32. O ganho de peso, assim como o sedentarismo, foram relatados por mais de 50% dos participantes e uma piora da saúde geral foi percebida por 32,38% dos homens e 40,05% das mulheres (p=0,153). Com relação à vacinação, até dezembro de 2021, mais de 80% dos entrevistados já haviam se vacinado contra COVID-19 e apenas pouco mais de 48% do total de entrevistados foram vacinados contra a influenza. Conclusão: Por meio dos dados obtidos no estudo, observam-se impactos significativos nos indicadores de saúde da população provocados pela pandemia, com destaque para o ganho de peso, as altas taxas de sedentarismo e as repercussões negativas sobre a saúde mental e geral. Estes achados mostram-se importantes para o planejamento de ações de melhoria da saúde física e mental e consequentemente para a qualidade de vida populacional. |