Resumo |
Introdução: O surgimento da COVID 19 iniciou um contexto de pandemia em todo o mundo, tornando-se especialmente importante no Brasil. Esse contexto impôs incertezas, preocupações e mudanças bruscas na rotina da população, com a necessidade de isolamento social e cuidados diários, o que pode ter provocado impacto na saúde mental dos indivíduos. O impacto psicossocial negativo causado por essa situação atípica pode piorar distúrbios mentais pré-existentes ou gerar novos transtornos, especialmente ansiedade, depressão e problemas com o sono. Assim, fica evidente a importância de analisar os impactos da pandemia na saúde da população assistida pelo SUS, já que essas informações são de grande ajuda para o manejo da situação. Objetivo: analisar os impactos da pandemia pelo coronavírus na saúde física e mental dos indivíduos assistidos pela Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UAES), no município de Viçosa-MG. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, do tipo observacional, com aplicação de questionário semi-estruturado aos pacientes adultos atendidos na UAES, no período de junho a novembro de 2021. Entre os parâmetros avaliados estão os dados sociodemográficos, clínicos, de estilo e hábitos de vida e de saúde mental durante a pandemia. Foram entrevistados 482 pacientes, número encontrado com base no cálculo amostral realizado no programa OpenEpi. As análises descritivas foram realizadas no programa STATA 13, por meio dos testes de Qui-quadrado e Mann-Whitney e por meio de gráficos de mediana e intervalo interquartil de escalas visuais analógicas (EVA). Resultados: Foi verificada uma maior frequência de mulheres entre os entrevistados (78,22%), com média total de idade de 45,79 anos. A piora da saúde mental foi relatada por 55,39% dos voluntários, sendo que a proporção de mulheres foi significativamente maior (60,48 x 37,14 p<0,001). Analisando o intervalo interquartil das EVA, variando de 0 a 10, referentes às emoções sentidas durante a pandemia- ansiedade, preocupação, tristeza ou depressão, insônia, solidão e medo- os resultados encontrados foram, respectivamente, 8; 9; 8; 7; 5 e 7 entre os homens e 5; 5; 10; 10; 9 e 9 entre as mulheres. Conclusão: O estudo mostra que o impacto da pandemia sobre a saúde mental foi mais relatado entre as mulheres, com destaque para os sentimentos de tristeza ou depressão, solidão, medo e insônia. Já entre os homens, chama a atenção os sentimentos de ansiedade e preocupação. Diante desses resultados, cabe a reflexão e a discussão: entre os homens, estes podem estar mais relacionados com o medo do desemprego e com a insegurança financeira? E entre as mulheres, estes podem ser explicados pelo maior grau de vulnerabilidade social e pelo aumento da exposição dessa população a situações de violência doméstica, abuso, discriminação e sobrecarga durante o período de pandemia? Mais estudos são necessários para o esclarecimento dos desfechos relacionados à saúde mental e ao cenário social da população. |