Resumo |
A intensificação de atividades humanas não sustentáveis tem contribuído para a degradação dos ecossistemas brasileiros em diferentes escalas, causando distúrbios e prejuízos no fornecimento de serviços ecossistêmicos. Apenas a proteção da vegetação nativa não é o suficiente, sendo necessária a restauração ou compensação florestal para reverter esse cenário. Um dos requisitos para o sucesso destes plantios é o uso de mudas de espécies florestais nativas com boa qualidade, ou seja, aparentando vigor e bom estado nutricional, aptas a sobreviver e crescer no campo em condições adversas, com menor frequência de tratos culturais. Diante deste cenário, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade de mudas de espécies florestais nativas em um plantio de compensação ambiental. O projeto foi conduzido como compensação por intervenções ambientais por uma empresa, com o plantio de 39.556 mudas em distribuídas em 35,46 ha. O local do estudo pertence a Universidade Federal de Viçosa e está localizado no Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa – CENTEV. Foram avaliadas 1715 mudas, coletando os dados de diâmetro a altura do solo (DAS – mm) e altura (H – cm) a fim de comparação com protocolos de qualidade de mudas de espécies florestais nativas. Na literatura há valores mínimos ou intervalos adequados para alguns parâmetros morfológicos sendo eles: diâmetro mínimo 2 mm, altura mínima de 30 cm que estão ligados à sobrevivência das mudas pós-plantio. A relação entre altura e diâmetro denominada de relação H/D também é importante variando entre 5 e 8,1, indicando robustez e equilíbrio morfológico das mudas, o que evita o tombamento no campo. A avaliação da qualidade demonstrou que 98% das mudas atenderam ao requisito de diâmetro mínimo, com média de 4,50 mm e um desvio padrão de 1,95 mm. Em relação à altura, 80% não alcançaram o valor mínimo, com média de 21,20 cm e desvio de 11,49 cm. Para relação H/D, 75% não atenderam ao intervalo considerado adequado, com valor médio de 5,47 e desvio de 3,75. Nota-se que 2 parâmetros (altura e robustez) tiveram resultados abaixo do esperado. A altura é importante, pois mudas mais altas conseguem sobressair em meio à braquiária. O índice de robustez irá promover um maior percentual de emissão de raízes e, consequentemente, maior crescimento. Assim, conclui-se que a maioria das mudas estavam fora dos padrões de qualidade, o que pode promover uma maior mortalidade, menor crescimento inicial e maior necessidade de tratos culturais, o que eleva o custo total da compensação. |