Resumo |
A pericardiectomia é uma abordagem terapêutica em casos de efusão pericárdica recorrente, com a finalidade de evitar o tamponamento cardíaco, com caráter curativo ou paliativo. A cirurgia consiste na remoção do pericárdio, a abordagem pode se dar através de uma esternotomia mediana, toracotomia intercostal direita ou toracoscopia, podendo ser total ou subtotal, com a remoção cirúrgica de uma seção do pericárdio abaixo do nervo frênico. Em consequência da função do pericárdio de fixar anatomicamente o coração, a pericardiectomia total é mais indicada em casos de neoplasia ou processos infecciosos do pericárdio, sendo a abordagem subfrênica a escolha com melhores resultados. Objetiva-se, com esse trabalho, relatar a intervenção cirúrgica de pericardiectomia subtotal realizada no dia 08 de maio de 2022, no Atlas Hospital Veterinário, após quadros recidivantes de efusão pericárdica, com recorrente tamponamento cardíaco, em um cão. O animal, um cão macho fértil, Chow-chow, 5 anos, 26,4 kg, foi atendido no dia 30 de abril com histórico de prostração e aumento de volume abdominal progressivo. Ao exame físico, o paciente apresentou taquipneia e abdominalgia. Os exames ultrassonográficos foram sugestivos de presença de líquido livre abdominal e pancreatite. Passados 3 dias de acompanhamento, o paciente exibiu dispnéia, que a ecocardiografia constatou como efusão pericárdica grave com tamponamento cardíaco de fase 2 e líquido pleural. Foram realizados paracentese, toracocentese e pericardiocentese, com drenagem de 1,2 L, 1,4 L e 300 ml, respectivamente. Os líquidos abdominal e pericárdico, de aparência serossanguinolenta, foram enviados para análise e os achados citológicos foram sugestivos de inflamação piogranulomatosa séptica. No 8º dia de internação, uma vez que o paciente apresentava quadro recidivante de efusão pericárdica sem resposta à pericardiocentese, optou-se pela realização da pericardiectomia subtotal. O acesso cirúrgico foi realizado através de uma toracotomia no 5º espaço intercostal direito. Após a abertura do tórax e drenagem da efusão pleural e pericárdica, iniciou-se a pericardiectomia mediante uma incisão em T no saco pericárdico a partir da base cardíaca até o ápice ventralmente ao nervo frênico, para, em seguida, ser estendida de forma circunferencial ao lado oposto. O pericárdio foi removido abaixo do nervo frênico, bem como o ligamento frênico diafragmático. A hemostasia foi realizada com auxílio de eletrocautério. Foi inserido um dreno torácico com sonda Blake na altura do 8º espaço intercostal e exteriorizado no 10º EIC, fixado com fio nylon 2-0. O pericárdio fibroso foi encaminhado para cultura e avaliação histopatológica. Não houveram intercorrências pós-operatórias e o paciente recuperou-se de forma satisfatória. Conclui-se que, embora a pericardiocentese promova um alívio temporário do tamponamento cardíaco, em casos de recorrente efusão pericárdica, a pericardiectomia é o procedimento terapêutico de melhor escolha. |