Resumo |
O sorgo é um cereal com potencial de aplicação na alimentação humana uma vez que apresenta elevado teor de fibra alimentar, alta concentração de compostos fenólicos e não possui glúten. Possui também uma baixa digestibilidade do amido e de proteínas. Por outro lado, sabe-se que o processamento de alimentos, como aplicação de calor úmido, pode provocar alterações em sua composição, mas o calor seco é uma alternativa que não provoca alterações significativas. Assim, a elaboração de farofas a base de sorgo apresenta-se como uma excelente ideia de produto para introdução do cereal à alimentação humana no país, visto que esse tipo de produto já é muito difundido na culinária brasileira. O trabalho teve por objetivo caracterizar e avaliar a digestibilidade proteica in vitro de farinhas de sorgo torradas com e sem taninos, FST e FSB, respectivamente, utilizadas como base para elaboração de farofas. As farinhas foram submetidas ao processo de torra, um dos métodos de processamento que utiliza o calor seco, e foi avaliada a digestibilidade proteica (DP) in vitro das amostras cruas e torradas. A metodologia de DP, também chamada de ph-drop method, é baseada na correlação entre a velocidade inicial da proteólise e a digestibilidade, medida via pH, utilizando uma solução enzimática para digerir a amostra. Para realização da hidrólise proteica utilizou-se as enzimas tripsina e pancreatina. Além disso, foi avaliada a composição centesimal, a concentração de fenólicos totais e de taninos condensados totais, de FSB e FST cruas e torradas. Como resultado, verificou-se que a FSB apresentou DP de 70,52% e FST 51,98% sob a forma crua. Já as formas torradas de FSB e FST apresentaram 72,75% e 61,51% de DP, respectivamente. Sendo assim, a aplicação do calor seco não resultou em diminuição da DP. Quanto a caracterização das farinhas torradas, FSB e FST apresentaram em média 12,92%/10,33% de proteínas, 3,59%/6,29% de lipídeos, 1,66%/2,21% de cinzas e 6,29%/5,84% de umidade, respectivamente. As fibras totais representam 11,48% na FSB e 22,86% na FST, ambas torradas. Em relação ao teor fenólicos totais, as amostras cruas de FSB e FST possuíam 1,04 e 36,34 mg EAG/g, respectivamente e notou-se que a aplicação do calor seco não resultou em diminuições em suas concentrações. Já para os taninos totais, os quais são verificados apenas nas FST, obteve-se como resultado uma concentração de 56,95 mg de catequina/g para a amostra crua e não houve perda significativa do composto após o processo de torra. Dessa forma, os resultados indicam que a farofa a base de farinha de sorgo torrada é uma opção de produto saudável, rico em fibras e em antioxidantes, alternativo às farofas tradicionais amplamente consumidas pela população. |