Resumo |
A produção nacional de alho no Brasil atingiu 155,7 mil toneladas no ano de 2020, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), sendo o décimo quinto maior produtor de alho do mundo. Apesar dessa expressiva produção, o país não tem sido capaz de suprir a sua demanda interna. Dados da CONAB indicam que em 2019 o Brasil importou 165 mil toneladas de alho, valor que corresponde a 55,8% do consumo interno da hortaliça no ano. Países como a China, Argentina e Espanha são os maiores fornecedores de alho no país e competem com os produtores nacionais, pois conseguem oferecer o produto por preços menores, pressionando os preços internos. Além das condições climáticas que afetam toda atividade agrícola, a grande participação do mercado externo exige dos produtores nacionais uma gestão eficiente dos custos de produção, para que possam oferecer produtos que sejam competitivos e rentáveis. Frente a isso, a presente pesquisa reconhece a contabilidade de custos como uma importante ferramenta gerencial, criando relatórios contábeis que auxiliem os produtores rurais na tomada de decisões, a fim de melhorar a viabilidade e competitividade desse negócio. A maior compreensão dos custos de produção das organizações agrícolas também ajuda na elaboração de políticas públicas voltadas à manutenção desse setor econômico. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa foi desenvolver uma análise dos custos de produção do alho no Brasil e, mais especificamente, analisar a composição desses custos nas principais regiões produtoras do país. A pesquisa caracteriza-se como quantitativa e descritiva, cujo desenvolvimento se deu por meio do emprego de estatísticas descritivas. Os dados foram coletados a partir de relatórios dos custos da produção do alho no Brasil publicados pela CONAB, contendo planilhas com séries históricas de custos e produtividade do alho dos estados de Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, compreendendo o período de 2017 a 2021. Quanto aos resultados gerais, nota-se que os gastos mais representativos estão relacionados às despesas de custeio da lavoura, sendo eles: i) sementes e mudas, representando em média 32,23% dos custos; ii) mão de obra, totalizando em média 20,04% dos custos; e iii) fertilizantes, atingindo uma participação, em média, de 12,41% dos custos totais. Pôde-se observar que custos com mão de obra são significativamente maiores para empreendimentos familiares, o que revela maior dependência do uso desse insumo no processo produtivo. Por sua vez, as organizações empresariais apresentaram maiores custos médios com sementes e mudas. Por fim, verificou-se que o custo de produção por hectare de alho cresceu cerca de 110% de 2017 a 2021, sendo os maiores aumentos representados pelos gastos com fertilizantes, sementes e mudas e mão de obra. |