Resumo |
Introdução: A infecção provocada pelo vírus SARS-CoV-2 é muito recente, e apesar das diversas pesquisas já realizadas e em andamento, ainda existem várias lacunas que precisam ser preenchidas. Sabe-se que, no período após a infecção, alguns sintomas podem persistir, caracterizando a síndrome pós-COVID. Desse modo, a realização de estudos que investiguem como as condições clínicas dos pacientes no momento da internação se associam à persistência de sintomas no pós-COVID tornam-se extremamente necessários para nortear condutas e estabelecer prognósticos. Objetivos: Avaliar a associação entre o grau de acometimento pulmonar no momento da internação hospitalar e a presença de dispneia aos 6 a 9 meses após a alta. Metodologia: Trata-se de um estudo longitudinal, do tipo coorte, realizado com indivíduos adultos (≥ 18 anos) hospitalizados em Viçosa-MG, no período de abril a agosto de 2021, devido à infecção pela COVID-19. Foram excluídos aqueles com tempo de internação inferior a 24h, gestantes e indivíduos mentalmente incapazes ou com dificuldades auditivas. O grau de acometimento pulmonar na internação foi mensurado por meio de exames de radiografia e tomografia computadorizada de tórax, obtidos por consulta aos prontuários, e foi categorizado em “ausente a leve” (0-25%) e “moderado a grave” (> 25%). A presença de dispneia no pós-COVID foi avaliada por entrevista telefônica mediante a aplicação da escala mMRC (modified Medical Research Council), e foi categorizada em “ausente a leve” (mMRC < 2) e “moderada a grave” (mMRC ≥ 2). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFV (Parecer nº 5.162.842). As análises estatísticas foram realizadas no SPSS, versão 21, e as associações testadas pelo teste exato de Fisher, adotando-se nível de significância de 5%. Resultados: Participaram do estudo 26 indivíduos, com idade entre 24 e 81 anos (47,8 ± 14,6 anos), sendo 18 (69,3%) do sexo masculino. Do total de participantes, 61,5% (n=16) apresentaram grau de acometimento pulmonar superior a 25% na internação, e 15,4% (n=4) relataram possuir dispneia moderada a grave (mMRC ≥ 2) no pós-COVID. Não foi verificada associação significativa entre o grau de acometimento radiográfico pulmonar e a presença de dispneia após 6 a 9 meses da internação (p=0,625). Conclusão: Até o momento, não se observou relação do quadro de dispneia após 6 a 9 meses da internação pela COVID-19 com o grau de acometimento pulmonar na fase aguda da doença, medido pelos radiologistas por meio da utilização de escores para quantificar a extensão do comprometimento pulmonar. O resultado preliminar é inesperado, entretanto, o estudo está andamento e a amostra ainda é pouco expressiva, o que pode ter afetado o poder estatístico para detectar uma possível associação. |