Resumo |
O presente trabalho apresenta as ações extensionistas desenvolvidas na intersecção dos projetos “Caminhos para a Educação Intercultural a partir do Encontro de Saberes: produção coletiva de materiais didáticos inclusivos” e “BioLibras: a identidade surda, o aprendizado da Libras e o ensino de Ciências a partir da realidade dos estudantes surdos do município de Viçosa e região, MG”. A educação intercultural dá foco na diversidade biocultural do Brasil, abordando a cultura e a realidade dos povos tradicionais e indígenas nas escolas, para além do foco único na biodiversidade no currículo eurocentrado, presente na educação escolar hegemônica. Tal abordagem, está presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como um dos temas contemporâneos transversais, na temática da multiculturalidade. Entre as diversas culturas presentes nas escolas, está o povo surdo, entendido neste trabalho como minoria linguística e cultural, a partir da perspectiva identitária do grupo. Com o propósito de que todas/os deveriam vivenciar essa educação intercultural, queremos ir além das fronteiras e incluir os surdos também nesse cenário cultural, além de aproximar a ciência à diversidade encontrada em sala de aula. As diferenças culturais dos estudantes estão ligadas diretamente às formas de compreender o mundo e atuar na sociedade. Nesse sentido, nosso objetivo é produzir materiais didáticos interculturais inclusivos e roteiros educativos, no diálogo com os povos, a partir de suas identidades culturais. As ações acontecem por meio das reuniões mensais com as comunidades tradicionais, representadas no Acervo Biocultural do Grupo Entre Folhas e com a comunidade surda, no projeto de extensão BioLibras e das reuniões do grupo de trabalho. Ao longo do último semestre, foi estruturada uma história sobre a Mata Atlântica, junto a uma mestra indígena Pataxó, que trata da diversidade biocultural e da presença dos povos originários na Mata, como material didático a ser utilizado em salas de aula. A partir desse material, produzido em áudio, o grupo de trabalho pensou em um material visual, para a educação de pessoas surdas. Foi estruturada a proposta do VisualCast, recurso educativo inclusivo complementar ao Podcast, que não pode ser acessado pela comunidade surda. O VisualCast vem sendo estruturado a partir da narração da história em Libras e do uso de imagens representativas da história, utilizando as representações imagéticas indígenas, que apoiarão o entendimento das pessoas surdas sobre a história. O VisualCast visa promover o diálogo intercultural numa perspectiva de construção coletiva de saberes sobre a vida, focada na alteridade e no conhecer para entender e para valorizar o diferente. O material produzido comporá o Acervo Biocultural e será divulgado e disponibilizado em plataformas digitais gratuitas, no próximo semestre, garantindo o direito linguístico e cultural das pessoas surdas no diálogo com os povos indígenas. |