Resumo |
Introdução: Nos últimos anos vem ocorrendo o aumento da temperatura global média. O acontecimento de altas temperaturas por vários dias consecutivos é considerado um risco para a população, pois está associado a um aumento nas taxas de mortalidade e de atendimentos emergenciais em hospitais. A temperatura corporal central é regulada em aproximadamente 37ºC nos seres humanos, mesmo quando expostos a diversas condições ambientais. Porém, a exposição ao estresse térmico por calor gera um desafio à manutenção da homeostasia. As evidências científicas demonstram que a prática de atividades físicas traz benefícios para a saúde do idoso, mas, quando realizada no calor, impõe desafios para a capacidade termorregulatória destes indivíduos. Além disso, devido às ondas de calor, estes desafios são cada vez mais comuns, fazendo com que haja um maior risco de problemas relacionados ao calor. Objetivos: Realizar uma revisão sistemática acerca dos desafios impostos pelo aquecimento global sobre a termorregulação e a prática de atividades físicas em indivíduos idosos. Metodologia: Esta revisão foi registrada em um banco de dados internacional de revisões sistemáticas (PROSPERO). A estratégia para a identificação e obtenção dos artigos utilizados foi um levantamento bibliográfico nas bases de dados Pubmed, Web of Science e EMBASE. Os descritores foram definidos com o auxílio do Medical Subject Headings (MeSH). Foram selecionados 27 artigos no idioma inglês, publicados entre os anos de 1988 a 2021. Resultados: Observou-se que, ao realizar exercício físico no calor, os idosos apresentam um maior aumento na temperatura central, respondem ao exercício no calor com uma resposta de fluxo sanguíneo menor, o que pode ser atribuído a um débito cardíaco menor para a mesma intensidade de exercício, possuem uma menor eficiência de evaporação, armazenam mais calor corporal, produzem menos calor metabólico líquido, têm maior temperatura média da pele, menor número de glândulas sudoríparas ativadas pelo calor, perda de calor por evaporação menor e menor perda total de calor e menor condutância vascular cutânea. Em relação às comorbidades, idosos com diabetes Mellitus tipo 2 apresentaram uma taxa mais lenta de perda de calor evaporativa como resposta ao aumento da temperatura corporal média, maior temperatura corporal central e menor tolerância ao exercício no calor. Já idosos com insuficiência cardíaca, apresentam pressão arterial mais baixa, menor evaporação estimada da superfície da pele das perdas de suor de todo o corpo, menor perda de calor respiratório, menor perda de calor seco, menor produção metabólica de calor absoluta e menor produção metabólica de calor por unidade de massa corporal. Conclusões: O aquecimento global pode representar um desafio maior aos indivíduos idosos, uma vez que estes possuem uma menor tolerância à atividade física no calor. |