Resumo |
O Brasil tem sofrido, desde o início da pandemia da COVID-19, em 2020, graves consequências que vão além das mais de 660 mil vítimas fatais e que afetam a sobrevivência das pessoas, em função do impacto econômico causado pela crise. A gravidade da pandemia impulsionou o trabalho dos cientistas, que conseguiram produzir vacinas com a finalidade de imunizar a população ou ao menos evitar estágios avançados da doença. Assim, uma série de vacinas foram criadas, dentro e fora do território nacional, e receberam autorização temporária de uso emergencial pela ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária) para início das campanhas de imunização. Contudo, tal iniciativa gerou polêmica por desconfianças acerca da eficácia da vacina e questões relacionadas a sua obrigatoriedade. Tais discussões se acentuaram quando a última questão foi levada ao Supremo Tribunal Federal, em 2021, chegando às redes sociais, onde debates tanto vindos da população quanto de figuras públicas - como políticos e religiosos - se instauraram fortemente. Através de uma série de manifestações públicas foi percebido que mesmo setores de instituições religiosas, contribuíram para o debate caloroso dessas problemáticas em torno da confiabilidade da vacina. Concluiu-se que setores religiosos progressistas eram favoráveis à vacinação, em oposição aos setores negacionistas mais conservadores, que se mostraram desfavoráveis, sendo algumas dessas manifestações mediadas por um forte apoio ao atual governo. Dessa forma, o objetivo dessa pesquisa é analisar o discurso de agentes religiosos ligados a setores tanto da igreja católica quanto da evangélica que impulsionam o debate em torno da eficácia das vacinas produzidas contra a COVID-19 e a repercussão entre os internautas. Através da teoria da Análise Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau, serão.evidenciadas as principais estratégias discursivas adotadas e modos de organização presentes no discurso de tais agentes, interpretando as propostas defendidas e os mecanismos atrelados à intenção de convencer e captar o público por meio da rede social Twitter. Vale apontar aqui que foram encontrados alguns resultados parciais: a análise interpretativa do corpus evidenciou que há diferenças não apenas de opiniões sobre o tema abordado, mas também nas estratégias utilizadas pelos diferentes enunciadores, sendo os progressistas mais objetivos e assertivos em suas falas e os conservadores mais subjetivos e passionais enquanto comunicantes. Os conservadores também utilizam recursos discursivos bastante autoritários como forma de se posicionar perante questões relacionadas ao tema, sendo esta uma estratégia pouco passível de sedução do público, mas bastante eficaz em decorrência da criação de polêmicas. |