Resumo |
Leishmanioses são um conjunto de doenças parasitárias negligenciadas causadas por várias espécies de protozoários do gênero Leishmania, que são responsáveis pelas diferentes formas clínicas das doenças. O principal tratamento utiliza fármacos antimoniais pentavalentes que não têm sido muito eficazes devido à resistência do parasito e à alta toxicidade, que contribuem para a baixa adesão dos pacientes ao tratamento. Além disso, nenhuma vacina foi desenvolvida até o momento, o que torna necessária a busca por novos fármacos. Estudos mostram que as Serine/Arginine Protein Kinases (SRPK), que atuam no processamento de mRNA em mamíferos, têm sido amplamente utilizadas como alvos terapêuticos no tratamento de doenças humanas. Em Leishmania, foi demonstrado que a inibição de cinases interfere na sobrevivência do parasito e, embora as SRPKs não sejam bem caracterizadas nesses organismos, análises de bioinformática apontam para a existência de uma suposta SRPK em Leishmania braziliensis (LbSRPK). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi testar candidatos a inibidores sintéticos da SRPK de humanos (hSRPK) em Leishmania braziliensis M2904 e em macrófagos RAW 264.7 e determinar a viabilidade celular após o tratamento. Os compostos utilizados são análogos do SRPIN340 que, em estudos anteriores, mostrou ser capaz de inibir a SRPK1 de mamíferos. No ensaio de citotoxicidade, os macrófagos foram cultivados em meio RPMI e tratados com 22 compostos da série MR na concentração de 10 μM para a determinação da viabilidade celular, que foi calculada a partir de dados de absorbância lidos a 570 nm e 600 nm no espectrofotômetro após a adição de resazurina. Os resultados mostraram que, após 48h de tratamento, apenas 4 compostos apresentaram efeito citotóxico significativo em comparação com o controle, sendo os 18 compostos restantes não tóxicos aos macrófagos e, portanto, aptos a serem utilizados em ensaios de infecção. No ensaio com macrófagos infectados com L. braziliensis, 18 compostos foram capazes de reduzir a sobrevivência do parasito em até 90%. Sendo assim, os resultados obtidos são animadores e mais estudos serão realizados para avaliar a toxicidade desses compostos no tratamento das Leishmanioses. |