Resumo |
Tumores mamários caninos (TMCs) são as neoplasias mais comuns em cadelas intactas e representam um problema na prática veterinária. O diagnóstico definitivo é realizado através do exame histopatológico e o tratamento primário cirúrgico. Diferentes fatores influenciam o desenvolvimento de TMCs, como idade, raça, localização e tamanho dos nódulos. Dessa forma, esse trabalho objetivou apresentar os dados epidemiológicos e clínico-patológicos de cadelas com tumores de mama, fornecendo informações que auxiliam a estabelecer o prognóstico e entender o comportamento biológico dessas neoplasias. O trabalho foi baseado em um estudo retrospectivo que consistiu em 551 casos de fêmeas caninas submetidas à mastectomia, no período de janeiro de 2012 a dezembro de 2020. Os dados clínicos coletados foram: idade ao diagnóstico, peso, raça, status de esterilização, ocorrência de pseudociese, administração de progestágenos exógenos e histórico de problemas anteriores. As variáveis clínico-patológicas analisadas foram: localização, tamanho e quantidade de tumores, presença de ulceração e aderência, presença de metástases à distância e tipo de procedimento realizado. O estadiamento clínico foi realizado de acordo com o sistema TNM (tamanho, envolvimento de linfonodos e metástases distantes) para TMCs, e categorizados em: estágio I (T1N0M0 – tumores <3 cm), II (T2N0M0 – tumores entre 3 –5 cm), III (T3N0M0 – tumores >5 cm), IV (T qualquer N1M0) e V (T qualquer N0–1M1). Entre os 551 casos analisados, 65.5% correspondiam a animais de raça pura e 34.48% foram considerados mestiços, sendo Poodle a raça mais afetada. A idade média foi de 11.6 ± 9,5 anos e o peso 9.6 ± 2.9 quilos. Além disso, 84.2% foram fêmeas intactas, 16.7% apresentavam histórico de pseudociese e 18.7% receberam administração de hormônios. A ocorrência de neoplasia mamária anterior foi relatada em 16.5% das cadelas. A maioria das neoplasias (67,7%) foi menor que 3,0 cm em diâmetro. A ulceração, aderência e metástase à distância foram observadas, respectivamente, em 19.6%, 25.2% e 7.6% dos casos. Tumores múltiplos eram a maioria, principalmente nas mamas abdominais caudais e inguinais. O estágio clínico inicial (I-III) foi descrito em 88.4% das cadelas com neoplasias mamárias e o estágio clínico avançado (IV-V) em 11.6%. A mastectomia radical foi o procedimento cirúrgico mais empregado, realizado em 47.2% dos casos. Os achados desse trabalho correspondem aos encontrados na literatura e enfatizam a importância da avaliação do estadiamento clínico e características de malignidade, como aderência e ulceração de neoplasias mamárias em cadelas. Esses fatores permitem evidenciar a importância da análise completa de dados epidemiológicos e clínico-patológicos para a determinação de possíveis fatores preditivos e prognósticos de TMCs para a escolha de terapias mais adequadas e de forma individualizada para melhor sobrevida geral do paciente. |