Resumo |
O rompimento da barragem no complexo da Mina Córrego do Feijão da Mineradora Vale S.A., em Brumadinho, Minas Gerais, ocorrido em 25 de janeiro de 2019, acarretou em uma série de impactos socioambientais. Após o rompimento, foram depositados na Bacia do Rio Paraopeba cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos minerários. Sendo assim, este estudo objetiva discutir os impactos surgidos com a deterioração da qualidade da água desta bacia nos trechos do rio que percorrem cinco municípios localizados no Médio Paraopeba. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de relacionar as principais discussões a partir do evento "crise do rompimento da barragem". A partir de uma pesquisa documental, foi elaborado um mapa de georreferenciamento com auxílio do software QGIS Development Team® de cinco municípios do Médio Paraopeba (Brumadinho, São Joaquim de Bicas, Mário Campos, Betim e Juatuba), apresentando as classificações censitárias e dos corpos hídricos da região. Foram utilizados dados secundários da Fundação SOS Mata Atlântica, pelos quais foram captados os resultados dos parâmetros físico-químicos de monitoramento dos anos de 2019 e 2020 para a realização do Índice de Qualidade da Água (IQA). As concentrações de metais pesados (Fe, Cu, Mn e Cr), oxigênio dissolvido e turbidez, também foram utilizados para a análise da qualidade da água. O Rio Paraopeba enquadra-se como um corpo hídrico de classe 2, e por estar localizado no Estado de Minas Gerais, segue às exigências da Resolução COPAM/CERH-MG nº 1/2008, portanto, as discussões dos resultados foram baseadas em função desta legislação. Foi observado que, ao longo dos trechos do rio, o IQA e as concentrações de Fe, Cu, Mn e Cr encontram-se fora dos limites exigidos pela legislação. Estas condições da qualidade da água acarretam limitações para usos múltiplos, no entanto não se atribui apenas ao rompimento da barragem, uma vez que o rio apresentava historicamente altas concentrações de contaminantes, principalmente devido ao lançamento de esgotos domésticos in natura. Por fim, constata-se que este evento corroborou, ainda mais, para a deterioração da água do rio, e por isso, devem ser projetadas soluções que afastem os riscos de desabastecimento dos municípios afetados. |