Resumo |
Este trabalho faz parte do projeto de extensão intitulado Fortalecimento e Ampliação da Agroecologia na Zona da Mata de Minas Gerais. O objetivo específico é promover a diversificação alimentar e incentivar o aumento da biodiversidade, a partir da troca mudas e sementes crioulas e mesas de partilha organizadas em encontros com os agricultores e agricultoras familiares, por meio da metodologia dos intercâmbios agroecológicos. Essa é uma metodologia utilizada pelos grupos de agroecologia da UFV desde 2008 e envolve diálogos de saberes para a promoção de cultivos biodiversos, de práticas alimentares locais, do cuidado com os solos e as águas, a partir do reconhecimento e valorização dos saberes e da cultura popular. O intercâmbio é composto por 10 etapas, que são adaptáveis de acordo com a realidade: mobilização das pessoas e comunidades, mística de abertura, apresentação dos participantes, história da família, caminhada pela propriedade, roda de conversa, troca de mudas e ou sementes crioulas, mesa da partilha, informes e encaminhamentos, finalizando com o encerramento/agradecimento e a mística. Durante as trocas de mudas e sementes crioulas são realizados diálogos sobre a identificação, origem, usos e cultivos da diversidade. Muitos agricultores/as mantêm espécies nativas e ou exóticas em seus agroecossistemas e, com isto, contribuem com a proteção da biodiversidade. Um dos objetivos do projeto de extensão é incentivar e organizar as trocas de mudas e ou sementes crioulas que ocorrem durante os intercâmbios, promover a multiplicação das mesmas e contribuir, com isto, para a autonomia camponesa, a proteção da biodiversidade e a redução da erosão genética provocada pela a introdução de pacotes tecnológicos e hegemônicos. O projeto encontra-se em andamento. Até o momento, foram realizados dois intercâmbios na região da Zona da Mata de Minas Gerais, o primeiro na comunidade Pau de Cedro, município de Viçosa, e o segundo no município de Divino, ambos em casa de famílias agricultoras/es. Os eventos permitiram a troca ou doação de, aproximadamente, 50 espécies de sementes crioulas e mudas. A maioria destas espécies são alimentícias e ou medicinais e indicam a diversidade e a autonomia alimentar dos agricultores/as. Dentre as espécies trocadas ou doadas destacam-se: amendoins (branco, rosa e preto), milhos diversos (pipoca, doce, preto, amarelo e vermelho), feijões diversos, fruta do conde, arroz de sequeiro, inhames, cará-moela, ora-pro-nobis, caqui e chaya. As ações desenvolvidas pela equipe envolvida contribuem para diversificar ainda mais os agroecossistemas dos/as agricultores/as familiares e proporcionar reflexões e compreensão sobre a importância da biodiversidade na soberania e autonomia alimentar. |