Resumo |
Devido a geração de alta quantidade de resíduos na fabricação do aço, e visando mitigar a disposição desses resíduos no ambiente, alguns estudos vêm investigando a viabilidade técnica da incorporação desses materiais a solos locais, a fim de melhorar suas propriedades geomecânicas. Nesse contexto, esta pesquisa visou investigar o efeito da carbonatação no comportamento resiliente de misturas compostas por uma amostra de solo tropical de matriz argilosa, obtida de uma jazida de empréstimo no município de Viçosa-MG, e uma amostra de escória de aciaria elétrica primária moída (EAEP), fornecida por uma empresa de fabricação de tubos metálicos, localizada no município de Jeceaba-MG. As misturas solo-EAEP moída foram confeccionadas na proporção de 80% de solo e 20% de EAEP moída, sendo esta dosagem obtida através de um planejamento experimental de misturas em rede Simplex-Centróide. Visando a obtenção de valores de Módulo de resiliência (MR) desses materiais para justificá-lo na composição de camadas estruturais de pavimentos, foram moldados quatro grupos de corpos de prova (CPs), na umidade ótima, 1% abaixo e 1% acima da umidade ótima, a fim de verificar a influência da umidade de compactação no comportamento resiliente das misturas analisadas. Os dois primeiros grupos de CPs foram submetidos somente à cura convencional em câmara úmida, variando apenas o tempo de cura de 28+7 dias e de 28+28 dias. Os outros dois grupos foram submetidos à cura convencional em câmara úmida por 28 dias, acrescidos de 7 ou 28 dias em cura na câmara de carbonatação acelerada, a fim de simular o efeito a exposição das misturas solo-EAEP moída ao Dióxido de Carbono (CO2). Foram realizados, então dois processos de cura, i) cura somente em câmara úmida por 28+7 dias e 28+28 dias e, ii) cura em câmara úmida por 28 dias acrescida de 7 ou 28 dias em câmara de carbonatação acelerada. Posteriormente aos processos de cura, os CPs foram submetidos ao ensaio Módulo de resiliência, realizado conforme a norma técnica ME 134 (DNIT, 2018). Os resultados obtidos mostraram que há uma diminuição dos valores de MR com o aumento do teor de umidade de compactação. Para os CPs com os tempos de cura de 28+7 dias e 28+28 dias, do teor de umidade de 1% abaixo do teor de umidade ótimo para o teor de 1% acima do teor de umidade ótimo, houve uma queda de 1,89 MPa nos que foram submetidos apenas à cura úmida convencional e uma queda de 32,09 MPa nos que foram submetidos à carbonatação. Houve um incremento médio, do processo de cura 1 para o processo de cura 2, de 53,76 Mpa, nos CPs de 28+7 dias, e de 72,31 Mpa, nos CPs de 28+28 dias. Constatou-se que misturas de solo-EAEP moída carbonatadas, sofrem maior influência da variação de umidade que essas misturas considerando somente a cura convencional em câmara úmida. Além disso, notou-se um aumento nos valores de MR com a carbonatação, indicando uma melhora da rigidez da mistura analisada a longo prazo. |