Resumo |
Introdução: O suicídio tem origem no latim “sui caedere” (sui = si mesmo e caedeus = ato de matar). Ele pode ser interpretado como um ato de desespero de um indivíduo, visto que essa ação é enxergada como a única solução para o seu sofrimento. Ao observarmos dados sobre esse evento, também analisamos todo o cenário biopsicossocial que o envolve. Objetivos: Caracterizar os casos de suicídio ocorridos em Viçosa-Minas Gerais (MG), buscando conhecer o perfil epidemiológico das vítimas, com vistas a contribuir para as ações de vigilância e prevenção desses óbitos. Metodologia: Pesquisa retrospectiva, quantitativa descritiva. Foram utilizados dados secundários públicos sobre lesões autoprovocadas do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), ocorridas em Viçosa entre janeiro de 2006 e maio de 2022. As informações referentes aos anos 2006 a 2020 foram extraídas do Portal de Serviços do Ministério da Saúde (MS) e tabulados no Tabwin, versão 4.1.5. As informações sobre 2021 e 2022 ainda não foram disponibilizadas pelo MS, assim optou-se por usar os dados estaduais preliminares (ainda passíveis de revisões/alterações), que foram obtidos do Portal de Vigilância em Saúde de MG através do Tabnet. Resultados: No período ocorreram 103 óbitos por suicídio em Viçosa, com pequena variação entre os anos. Houve predomínio de suicídio de pessoas do sexo masculino (73,79%, n=76), com idade entre 20 e 29 anos (25,24%, n=26) e da raça/cor branca (51,46%, n=53). A variável escolaridade teve a informação ignorada para 56,31% (n=58) dos casos, para 12, 62% (n=13) foi informado 1 a 3 anos de estudo. A principal causa de óbito foi a “Lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento e sufocação - X70” (66,99%, n=69). Conclusões: Os casos de suicídio em Viçosa não possuem amplitude na série histórica analisada. Entretanto, considera-se um possível atraso na produção da informação mais recente, visto que, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, muitos casos de óbitos por causas externas são encaminhados para autópsia no Instituto Médico Legal de Ubá-MG, retardando o processamento e digitação dos dados e, consequentemente, a disponibilização desses dados para a população. Para além dos números é importante evidenciar a evitabilidade dos suicídios. A Organização Mundial de Saúde aponta como estratégias para evitar essas mortes a orientação da mídia para produção de reportagens responsáveis, o acompanhamento profissional das pessoas sob risco de suicídio e a implementação de programas que estimulem o desenvolvimento de habilidades nos jovens para lidar com situações estressantes. Além disso, a constância dos dados e a completude desses, são fundamentais para as pesquisas sobre o assunto. Tais apontamentos demonstram que a prevenção deve ser multisetorial, consistente e contínua. Assim, mostra-se urgente que essas estratégias sejam implementadas em nível municipal para aprimoramento das ações de prevenção ao suicídio. |