Resumo |
Durante a carbonização da madeira, são gerados gases condensáveis e não condensáveis, que são comumente lançados à atmosfera, afetando a salubridade das unidades produtoras de carvão vegetal e do ambiente no entorno. É de extrema importância a busca por mecanismos que minimizem a emissão desses gases e proporcionem uma produção mais sustentável. Dentre os mecanismos, há a recuperação dos gases condensáveis, agregando valor à produção de carvão vegetal, pois o extrato pirolenhoso gerado permite uma vasta aplicabilidade em áreas como farmacêutica, agronômica, química e alimentícia. A composição do extrato pirolenhoso pode variar quando se altera a temperatura a qual os gases são submetidos durante a carbonização. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a produção do extrato pirolenhoso, considerando diferentes faixas de temperatura dos gases de carbonização da madeira Corymbia para recuperação dos gases condensáveis, em um sistema fornos-fornalha híbrido adaptado para condensação de gases. Foi desenvolvido um recuperador, composto pela junção de tubulação metálica e tubulações em PVC, tendo comprimento total de 7,2 m e diâmetro interno de 15 cm. O recuperador foi inserido na lateral da chaminé do forno, à 23 cm de altura e fazendo um ângulo de 30°, em relação ao solo. Foram instalados quatro termopares tipo K ao longo do recuperador para monitoramento da temperatura dos gases. Realizou-se a coleta de extrato pirolenhoso em três faixas de temperatura (65 a 85°C, 85 a 150°C e 150 a 170°C) durante a condução da carbonização. O rendimento em extrato pirolenhoso obtido nas faixas de 65 a 85°C, 85 a 150°C e 150 a 170°C foi 2,8, 5,4 e 0,3%, totalizando 8,4%. Esse é um valor semelhante aos encontrados na literatura para recuperação de extrato pirolenhoso a partir da carbonização da madeira de eucalipto, utilizando condensadores acoplado aos fornos de carbonização. A madeira de Corymbia apresentada no estudo apresentou umidade entre 18,4 e 28,3%. Essa baixa umidade contribuiu para a baixa geração de extrato pirolenhoso, especialmente na primeira faixa de coleta (65 a 85°C). Nesta faixa, a temperatura média da copa do forno foi de 195°C. Sabe-se que há um pico máximo de emissões gasosas quando o forno de carbonização apresenta temperaturas entre 300 e 350°C, a qual se relaciona com o ponto de degradação máxima das hemiceluloses e celulose. Na segunda fase (85 a 150°C), a temperatura média da copa do forno foi de 302,8°C, possibilitando maior degradação dos componentes da madeira e maior geração de extrato. Coletou-se pouca quantidade de extrato pirolenhoso na faixa de temperatura de 150 a 170°C, a qual teve a menor duração. Como estava na fase final do processo, a temperatura dos gases rapidamente atingiu valores superiores ao máximo estabelecido para coleta. Conclui-se que a faixa de coleta em 85 a 150°C foi a que obteve maior geração de extrato pirolenhoso e recomenda-se realizar a caracterização para avaliar a qualidade deste extrato. |