Resumo |
Introdução: A Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UAES) é destinada ao atendimento secundário exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo uma parceria da Universidade Federal de Viçosa (UFV) com municípios da região. O trabalho da UAES é realizado por estudantes e servidores da UFV e o acesso possibilita a ampliação dos serviços ambulatoriais, com atendimento humanizado e resolutivo. A UAES foi o ambiente da pesquisa intitulada “Enfrentamento das doenças crônicas no contexto da pandemia pelo coronavírus: os desafios na atenção secundária em saúde no SUS”, que permitiu o levantamento do perfil dos pacientes com doenças crônicas atendidos na unidade. Objetivos: A pesquisa objetivou avaliar o impacto da pandemia na saúde física e mental dos pacientes atendidos na UAES, bem como caracterizar o perfil desses pacientes, incluindo suas doenças crônicas. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, do tipo observacional, com aplicação de questionário semiestruturado aos pacientes adultos da UAES. Entre os parâmetros avaliados estão os dados sociodemográficos, clínicos, o estilo de vida, a saúde mental e os hábitos durante a pandemia. Foram entrevistados 482 pacientes, número encontrado com base no cálculo amostral realizado no programa OpenEpi. As análises descritivas foram realizadas no programa STATA 13, por meio dos testes de Qui-quadrado e Mann Whitney. Resultados: Dos entrevistados, 21,78% foram do sexo masculino e 78,22% do sexo feminino, com média de idade de 50,14 anos e 44,58 anos, respectivamente. Observou-se que as comorbidades mais prevalentes entre os pacientes atendidos na UAES são as doenças psiquiátricas, presentes em 62,66% da amostra, hipertensão arterial sistêmica (HAS), com 40,04%, e as doenças como gastrite e doença do refluxo gastroesofágico, com 39,83%. Além disso, as doenças reumáticas estão presentes em 27,39% dos pacientes entrevistados e as dislipidemias em 27,80%. Vale destacar o acometimento significativamente maior das doenças psiquiátricas (68,17% x 42,86%, p<0,001), reumáticas (30,50% x 16,19%, p<0,01) e tireoidianas (16,18% x 6,67%, p<0,05) entre as mulheres. Conclusões: A pesquisa demonstrou a importância da unidade para a população da região, uma vez que antes precisavam se deslocar para centros de saúde distantes para terem acesso às especialidades médicas. Ademais, ficou evidente que a UAES consegue abranger o atendimento de comorbidades importantes da população, que impactam diretamente na qualidade de vida e na morbimortalidade, como as doenças psiquiátricas e a HAS, contribuindo, dessa forma, para a integralidade da saúde local. |