Resumo |
Introdução: Nas últimas décadas, expressivas mudanças na carga global de doenças entre mulheres foram visualizadas. No Brasil, a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), e seus fatores de risco, entre as mulheres têm ganhado destaque quando comparados às doenças de causas maternas, infecciosas e outras condições de saúde. O impacto disso na saúde das mulheres pode se perfazer ao longo da sua vida, causando danos na qualidade de vida e na prevenção das incapacidades, inclusive em desfechos reprodutivos negativos. Objetivo: Monitorar os indicadores de saúde para doenças crônicas não transmissíveis e seus fatores de risco e proteção entre mulheres adultas na idade reprodutiva nas capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal (DF), no período de 2007 a 2020. Materiais e métodos: Série temporal com dados de mulheres adultas em idade reprodutiva (18 a 49 anos), residentes nas 26 capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal (DF), coletados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), entre os anos de 2007 e 2020. Modelos de regressão linear foram usados para analisar a variação temporal (aumento ou redução) dos indicadores. O processamento e a análise dos dados foram realizados por meio do software estatístico Stata (versão 14.2), considerando o delineamento amostral complexo da amostra. Os dados utilizados são de uso e acesso públicos. Resultados: Um total 218.561 mulheres em idade reprodutiva foram estudadas. Dessas, em torno de 40% possui entre 35 e 49 anos de idade, 9 a 11 anos de estudo e se declaram como não brancas. Além disso, mais da metade vivem sem companheiro, na região sul ou sudeste do país. A prevalência das DCNT foi de 2,7% para diabetes, 13,7% para hipertensão e 15,2% para obesidade. Em relação às tendências das DCNT, observou-se aumento da prevalência de diabetes em mulheres com até 11 anos de estudo, que vivem sem companheiro, nas regiões nordeste e norte no país. A prevalência de hipertensão teve tendência de aumento apenas entre mulheres com 9 a 11 anos de estudo. Enquanto a obesidade apresentou tendência de aumento em todos os estratos sociodemográficos analisados. Sobre os fatores de risco e proteção, apresentaram aumento ao longo do tempo o excesso de peso, alcoolismo, consumo regular de frutas e inativo para atividade física ao lazer. Contudo, a prevalência de alguns reduziram ao longo do tempo, como tabagismo, consumo regular de refrigerante e sucos artificial adoçados, consumo regular de feijão e substituição de almoço/janta por lanche. Conclusão: Conclui-se que ocorreram variações de aumento para algumas DCNT e alguns fatores de risco. Além disso, fatores de proteção também apresentaram redução. Esse cenário favorece desfechos negativos de morbimortalidade nessa população específica, mulheres em idade reprodutiva. Políticas de saúde específicas para as DCNT devem ser consideradas como enfrentamento do problema no país. |