Resumo |
O conforto térmico influencia no rendimento e no bem-estar dos indivíduos. Dentre as estratégias passivas para proporcionar conforto térmico aos usuários em edificações, os Materiais de Mudança de Fase (em inglês, Phase Change Materials - PCMs) se destacam por possuírem alta capacidade de armazenamento de calor latente com potencial para promover atraso térmico e amortecimento da amplitude da temperatura do ar interno em relação à externa. Comparados aos componentes construtivos tradicionalmente associados à alta capacidade térmica, como materiais rochosos e argila, os PCMs possuem baixos volume e massa para capacidades térmicas equivalentes. Embora apresentadas as vantagens do material, poucas pesquisas foram realizadas sobre sua influência em edificações no Brasil. Logo, o objetivo desse artigo é analisar a influência de PCMs no conforto térmico em escritórios naturalmente ventilados para a cidade de Viçosa/MG. Para isso, foram realizadas 256 simulações termoenergéticas no EnergyPlus, que consideraram diferentes características construtivas - inclusive paredes leves e pesadas, configurações geométricas, posicionamento dos PCMs e orientação solar. Adotou-se quatro PCMs orgânicos fabricados pela empresa Rubitherm e disponíveis no mercado, RT22HC, RT25HC, RT28HC e RT35HC. Os ambientes simulados possuem 49,7m² de área de piso, pé-direito de 2,90m e janelas com área de 10,3m², sem contato com o solo ou com a cobertura, cercados por outros ambientes de mesmas dimensões e características. A partir da análise dos resultados das simulações, é possível afirmar que a incorporação de PCMs no modelo de edificação mencionado apresentou melhorarias do conforto térmico de usuários. Dentre as variáveis avaliadas, o tipo do PCM, que corresponde à temperatura de fusão e capacidade de armazenamento de calor, foi o fator mais impactante. Obteve-se um aumento máximo de 18% das horas em conforto térmico para os PCMs RT25HC e RT28HC comparados ao caso base (sem PCM). Na sequência, o parâmetro de maior influência foi a capacidade térmica das paredes. Os ambientes simulados com baixa capacidade térmica (paredes leves) apresentaram resultados em média 11% melhores que os ambientes com alta capacidade térmica (paredes pesadas). A área das esquadrias, a absortância das paredes e a orientação solar também influenciaram nas horas em conforto, embora de forma menos significativa. Além disso, foi possível concluir que a combinação entre radiação solar incidente e sua absorção pelas paredes é um dos parâmetros ambientais mais relevantes na associação entre PCMs e edificações no contexto analisado. |