Resumo |
Introdução: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) vêm se destacando entre as mulheres como uma das principais causas de morte e anos de vida perdidos ajustados por incapacidade. Monitorar indicadores de saúde relacionados às DCNT e seus fatores de risco entre mulheres com idade reprodutiva se faz essencial para a integralidade do cuidado proposta pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo: Analisar os indicadores de saúde para DCNT na população adulta de mulheres em idade reprodutiva de Belo Horizonte/MG, no período de 2007 a 2020. Metodologia: Estudo de série temporal, com dados secundários das mulheres adultas em idade reprodutiva, residentes na capital do estado de Minas Gerais, coletados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), entre os anos de 2007 e 2020. Analisaram-se as prevalências das principais DCNT e seus fatores de risco e proteção, segundo características sociodemográficas, para cada ano na população estudada. Modelos de regressão linear foram usados para analisar a variação temporal (aumento ou redução) dos indicadores. O processamento e a análise dos dados foram realizados por meio do software estatístico Stata (versão 14.2), considerando o delineamento complexo da amostra do estudo. Os dados utilizados neste estudo são de uso e acesso públicos. Essa é uma pesquisa financiada pela FAPEMIG, edital 001/2021 - Demanda Universal, processo número APQ-01981-21. Resultados: Do total de 7.642 mulheres estudadas, a maior parte tem 35 a 49 anos de idade, 9 a 11 anos de estudo, não brancas e vivem sem companheiro. A prevalência média das DCNT foi de 2,92% para diabetes, 12,79% para hipertensão e 12,43% para obesidade. Em relação às tendências das DCNT, evidenciou-se aumento da prevalência de diabetes apenas entre mulheres que vivem com companheiro. Em relação à obesidade, houve tendência de aumento entre aquelas com 35 anos de idade ou mais, não brancas, nas três faixas de escolaridade e nas duas situações conjugais. Não houve variação na tendência da prevalência de hipertensão segundo características sociodemográficas. Dos fatores de risco e proteção analisados, houve tendência de aumento para excesso de peso, etilismo, atividade física no lazer, consumo regular de feijão e de frutas e hortaliças. Mas também houve tendência de redução para tabagismo, consumo regular de refrigerantes e sucos adoçados e consumo de feijão. Conclusão: Duas das três DCNT analisadas apresentaram aumento na prevalência ao longo dos anos, entre mulheres na idade fértil. Ademais, o aumento da prevalência de alguns fatores de risco e a redução de outros fatores de proteção pode deixar o cenário ainda pior em anos futuros. Políticas de saúde específicas para essa população precisam ser discutidas como enfrentamento da problemática. |