Resumo |
A Mata Atlântica e o Cerrado são considerados hotspots de biodiversidade, porém, passaram por problemas ambientais causados por ações antrópicas como exploração desordenada de recursos naturais através do desmatamento que acarretou a destruição de habitats. Nestes biomas se encontram plantas do gênero Dimorphandra que co-existem, como Dimorphandra wilsonii Rizzini espécie arbórea com ocorrência restrita a Minas Gerais que está ameaçada de extinção, Dimorphandra mollis Benth, encontrada principalmente no Cerrado e Dimorphandra exaltata Schott que ocorre na Mata Atlântica e se encontra na lista vermelha de espécies ameaçadas. Em razão da grande variação na disponibilidade de luz nas fitofisionomias dos campos até as matas, as plantas precisam se adaptar à variação luminosa. Nesse sentido, o sombreamento pode acarretar em diminuição das taxas fotossintéticas e consequentemente em menor produção de matéria seca. Em adição, espécies que ocorrem em florestas apresentam fotoinibição quando expostas à elevada irradiância o que resulta em perdas para a produção de matéria seca. O presente estudo tem como objetivo investigar os efeitos da variação luminosa em indivíduos jovens de D. mollis, D. exaltata e D. wilsonii, visando entender os mecanismos que beneficiam ou prejudicam a permanência das espécies em campo para ajudar no estabelecimento de medidas que visam a conservação. As sementes das três espécies passaram pelo processo de assepsia e foram escarificadas para a quebra de dormência. Foram plantadas 720 sementes e selecionadas 180 plântulas em vasos de 10 litros. Após o período de aclimatação foram divididas nas câmaras de topo aberto 60 plantas por espécie em cada condição de luminosidade: plena luz e sombreamento. Foram feitas medições de tempo de expansão foliar, altura e diâmetro do caule, número de folhas e determinação da produção de matéria seca na raiz, caule e folhas. As espécies não apresentaram diferenças (p>0,05) para o número de folhas entre os tratamentos de luz. As plantas das três espécies de Dimorphandra apresentaram maior produção de matéria seca radicular em plena luz do que sob sombreamento (p<0,05, efeito simples da luz). D. exaltata apresentou maior produção de matéria seca de caule, seguido de D. wilsonii e D, mollis (p<0,05, efeito simples da espécie). Porém, não houve diferença significativa para o número de folhas, massa seca foliar e massa seca total entre as espécies e os tratamentos. Podemos concluir que as plantas sob sol pleno tiveram um maior crescimento de raiz, portanto têm melhores chances de se estabelecer em condições de campo, pois devido ao maior desenvolvimento do sistema radicular podem explorar maior volume de solo para captação de água e nutrientes. D. exaltata apresentou maior comprimento de caule tanto no sol pleno quanto no sombreamento. Por ser uma espécie de mata, D. exaltata investe mais no crescimento caulinar do que as outras espécies que ocorrem em áreas mais abertas, como o Cerrado. |