Resumo |
Introdução: Em todo o mundo, há um cenário que sinaliza mudanças bruscas no perfil de morbimortalidade em mulheres em idade reprodutiva, tendo em vista o aumento na prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (e seus fatores de risco) nessa população. O impacto das DCNT pode se perfazer negativamente por inúmeras maneiras ao longo da vida, em especial no ciclo reprodutivo. Objetivo: Estimar a relação entre indicadores de saúde para DCNT e indicadores de mortalidade na população adulta de mulheres em idade reprodutiva das capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal (DF), no período de 2007 a 2019. Metodologia: Estudo de série temporal composto por dados secundários de mulheres adultas em idade reprodutiva (18 a 49 anos), residentes nas 26 capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal (DF), entre os anos de 2007 e 2019. Os dados foram extraídos pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Modelos de regressão de dados em painel foram utilizados para testar a relação entre os indicadores de DCNT e de mortalidade ao longo dos anos. O processamento e a análise dos dados foram realizados por meio do software estatístico Stata (versão 14.2), considerando o delineamento complexo da amostra do estudo. Os dados utilizados neste estudo são de uso e acesso públicos. Resultados: Em relação à população de estudo, a maior parte das mulheres está na faixa etária de 35 a 49 anos, possui entre 9 e 11 anos de estudo, são não branca e vivem sem companheiro. A prevalência de diabetes, hipertensão e obesidade entre elas foi de 2,7%, 13,2% e 14,6%, respectivamente. Nos modelos finais, ajustados por todas as causas de mortalidade (capítulos do CID-10) e variáveis sociodemográficas, evidenciou-se uma relação diretamente proporcional entre a prevalência de obesidade e a mortalidade proporcional por neoplasias, assim como por doenças endócrinas e nutricionais, ao longo do tempo e entre as cidades. O aumento da prevalência de hipertensão em mulheres na idade reprodutiva esteve relacionado ao aumento da mortalidade proporcional por doenças do aparelho circulatório. Além disso, constatou-se a presença de fatores de interação que atuaram de maneira inversa em relação à causa de mortalidade proporcional testada. Não houve relação entre diabetes e nenhuma causa de mortalidade testada. Conclusão: Conclui-se que existe uma relação direta entre hipertensão e obesidade e algumas causas de mortalidade proporcional em mulheres na idade fértil, nas capitais brasileiras e Distrito Federal (DF), no período de 2007 a 2019. |