Resumo |
A importância da cafeicultura para a economia brasileira é inquestionável e isto se reflete nos números: produção de 32 milhões de sacas (60 kg) com receita anual de US$ 5,3 bilhões de dólares (CECAFÉ, 2021) que garantem ao país a posição de maior exportador mundial do produto, bem como também pela quantidade de eventos nacionais e internacionais do setor. Objetivando identificar o perfil das mulheres, que nos últimos vinte anos têm participado destes eventos, foi feita uma pesquisa em eventos em dez regiões cafeeiras do Brasil nos anos de 2016 e 2017. Foram aplicados 556 questionários abordando temas como a escolaridade, áreas de atuação e renda das mulheres participantes da cadeia produtiva do café. Encontrou-se que a maioria das mulheres participantes dos eventos possuem alto nível de escolaridade, sendo que 25 % delas possuem pós-graduação. Constatou-se ainda que a escolaridade tem relação com o perfil regional quanto à presença de instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão; sendo a região Sudeste aquela em que as mulheres apresentaram maior grau de instrução. No Sul 35% possuem ensino fundamental incompleto e na região Norte 29% possuem pós-graduação e 23% ensino fundamental incompleto. Dentre todas as mulheres entrevistadas, somente 0,6 % não são alfabetizadas. Com relação ao trabalho, em grande parte, as mulheres atuam na produção de café, sendo que na Bahia, elas estão mais presentes no comércio do café; contrastando com as demais regiões analisadas, nas quais a produção de café é mais predominante. O papel da mulher na cafeicultura é fundamental por atuarem em todos os setores, desde o trabalho na fazenda até os serviços especializados, e contam com o apoio de organizações como a internacional Women’s Coffee Alliance (IWCA) e a Solidaridad. Quanto a remuneração, há uma relação direta entre escolarização e renda, sendo os salários praticados considerados como baixos quando visto a grande contribuição das mulheres no setor, bem como o valor que a cafeicultura movimenta anualmente. Fatores como espaço de divulgação dos eventos, barreira digital e restrição financeira para locomoção também limitam a participação feminina nos eventos. |