Resumo |
Trypanosoma vivax é um protozoário de origem africana que atualmente está difundido mundialmente. Esse microrganismo é responsável por causar tripanossomíase bovina, doença que impacta negativamente a pecuária. Apesar de existirem medicamentos para o tratamento desse patógeno, as metodologias de diagnóstico ainda são precárias. Isso leva ao atraso do tratamento e à perda de inúmeros animais. Uma das ferramentas mais utilizadas para realizar diagnósticos são os testes rápidos de fluxo lateral, que são comercializados para detecção de IST’s, SARS-Cov-2 e até mesmo gravidez. Esses testes se baseiam na identificação de compostos específicos da amostra, como anticorpos e hormônios, em membranas acopladas a cassetes plásticos. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é produzir e otimizar um teste rápido de fluxo lateral para diagnóstico de Trypanosoma vivax em soro bovino. Primeiramente, escolheu-se uma proteína de T. vivax com capacidade antigênica, produziu-se o gene relacionado a ela, clonou-o no vetor pET-28a e, com essa construção, foram transformadas bactérias E. coli da cepa BL21(DE3) ArcticExpress. Em seguida, a proteína de interesse foi produzida por expressão heteróloga induzida por IPTG, depois extraída por sonicação, purificada utilizando HPLC com coluna de Ni Sepharose e quantificada por Bradford e ELISA. Com a proteína em mãos, partimos para a aplicação no teste rápido. A princípio, foram testadas membranas de nitrocelulose High Flow com porosidade de 120, 135 e 180. Os testes realizados foram os testes de aderência da proteína à membrana, de revelação utilizando bioconjugados de proteína A com nanopartículas de ouro como reveladores, de diluição da proteína e do soro bovino e teste de fluxo lateral das amostras. Esses testes demonstraram que a proteína consegue ser adsorvida às membranas de nitrocelulose, sendo a membrana de porosidade 135 a de melhor intensidade de ligação. Além disso, a revelação com nanopartículas de ouro foi específica e eficaz, precisando de apenas 6 minutos para diferenciar entre o soro animal sadio e o contaminado. Por fim, foi possível detectar a presença do patógeno utilizando soros diluídos 100 vezes. Contudo, os testes de fluxos não apresentaram bons resultados, visto que os sinais estão muito fracos. Revisando a metodologia, percebemos que a extração utiliza tampões ricos em uréia e sais, que possivelmente estão desnaturando a proteína a médio prazo. Desse modo, estamos buscando alternativas para contornar essa situação, como teste de estabilidade e diálises. Além disso, a cepa utilizada pode interferir negativamente no dobramento proteico, logo a expressão heteróloga será realizada em outras cepas de E.coli BL21(DE3). Sendo assim, o trabalho segue com a otimização desses protocolos para garantir maior integridade proteica e, com isso, maior eficiência e qualidade do nosso futuro produto. |