Resumo |
O Brasil é um dos grandes produtores e exportadores mundiais de rochas ornamentais, em especial, de granito e mármore. Isso implica em uma grande preocupação com os resíduos gerados neste setor industrial, pois, quando estes são dispostos em locais inadequados, podem provocar danos à saúde humana e ao meio ambiente. Diante disso, o reaproveitamento desses resíduos para a fabricação de novos produtos é uma alternativa que contribui com o desenvolvimento sustentável. Dentre os setores ligados à construção civil, o setor industrial de tintas destaca-se na busca por soluções para reduzir os impactos ambientais causados pelos produtos empregados na pintura imobiliária. Assim, o objetivo deste trabalho é produzir e avaliar o desempenho de tintas sustentáveis e de baixo custo, utilizando resíduos de beneficiamento de rochas ornamentais. Para a produção das tintas, selecionou-se o resíduo do mármore e o resíduo do granito, para atuarem como pigmentos, a água (solvente) e a resina poliacetato de vinila – PVA (ligante). Submeteu-se os resíduos a um processo de desaglomeração, dispersão mecânica e peneiramento das partículas em meio aquoso, sequencialmente, realizou-se a caracterização física, química e morfológica dos resíduos. Definiu-se um delineamento experimental de misturas ternário, variando-se as proporções do resíduo (30-50%), da água (35-45%) e da resina (10-25%), sendo que este delineamento foi reproduzido duas vezes, ora usando o resíduo de granito, ora usando o resíduo de mármore. Em seguida, determinou-se o poder de cobertura da tinta seca e a resistência à abrasão úmida sem pasta abrasiva. Através da análise estatística dos resultados, verificou-se que a tinta de resíduo de granito de melhor desempenho foi composta por 44% de resíduo, 35% de água e 21% de resina, resultando em uma resistência à abrasão de 110 ciclos e um poder de cobertura de 4 m²/l; enquanto a tinta de resíduo de mármore de melhor desempenho foi composta por 45% de resíduo, 35% de água e 19% de resina, resultando em uma resistência à abrasão de 79 ciclos e um poder de cobertura de 4 m²/l. Com isso, observou-se que a água contribui negativamente com a resistência à abrasão e com o poder de cobertura, pois, em ambos os delineamentos, as melhores formulações apresentaram a quantidade mínima de água considerada (35%). Constatou-se que a tinta de resíduo de granito necessitou de um pouco mais de resina, isso pode estar relacionado à menor granulometria das partículas e à sua maior superfície específica. Nota-se ainda que a tinta de resíduo de granito apresentou maior resistência a abrasão, possivelmente por causa da composição química do granito, que é predominantemente composto por dióxido de silício. Conclui-se que apenas as tintas de resíduo de granito atenderam, simultaneamente, às especificações de poder de cobertura (mínimo de 4m²/l) e resistência à abrasão (mínimo de 100 ciclos) prescritas pela ABNT NBR 15079:2011 para tintas da categoria econômica. |