Resumo |
Introdução: a disseminação do Zika Vírus (ZIKV) nos últimos anos trouxe problemas significativos na área da saúde, particularmente durante o período gestacional, o que gerou alerta no cenário epidemiológico brasileiro. O grande número de casos de mães infectadas e a descoberta da associação entre o vírus e complicações durante a gravidez, com consequentes sequelas após o nascimento como a microcefalia, síndromes neurológicas e malformações congênitas, trouxe destaque a esse público durante o pico da epidemia em 2015. Grande parte da população de mães afetadas apresentava vulnerabilidade socioeconômica, o que aumentou a gravidade da situação. Apesar da maioria dos casos terem ocorrido no Norte e Nordeste, o estado de Minas Gerais também notificou um elevado número de casos, sendo o 5° estado com maior número de óbitos fetais, neonatais e infantis. A Síndrome Congênita do ZIKV é o conjunto de anomalias congênitas por indivíduos acometidos pelo ZIKV durante a gestação. Essa síndrome pode gerar dificuldades na alimentação das crianças, o que acarreta em deficiências nutricionais devido a má alimentação ou baixa ingestão, prejudicando o crescimento e desenvolvimento infantil, período de extrema importância e influência na fase adulta. Objetivo: analisar os casos de ZIKV entre gestantes, nos anos de 2015 a 2017 na capital mineira, através do banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), do Ministério da Saúde (MS). Metodologia: estudo descritivo, utilizando dados secundários anonimizados provenientes do banco de dados do SINAN - MS, relativos aos casos de ZIKV entre gestantes nos anos de 2015 a 2017 em Belo Horizonte (BH) - MG. Os casos foram selecionados a partir de casos notificados e confirmados e as gestantes foram estratificadas de acordo com trimestre gestacional durante a infecção ou idade gestacional ignorada, quando a informação não estava disponível. Para caracterização do grupo foi utilizada estatística descritiva (distribuição de frequência) e posterior análise das informações. Resultado: entre 2015 e 2017 foram notificados 103.107 casos; destes 4.713 (5%) eram gestantes. O maior número de notificações ocorreu durante o 3° trimestre (45,6%). 90% dos casos residiam na zona urbana de BH. A média de idade foi 26 anos, sendo a maioria parda. Foram 2685 casos confirmados, representando 57% das gestantes notificadas. O ano de 2016 e 2017 juntos somam aproximadamente 90% dos casos confirmados no período analisado. Sendo o 3° trimestre mais afetado, com destaque para 2017 com 23% dos casos confirmados. Conclusão: o surto inesperado de ZIKV com número expressivo de casos entre gestantes, mostrou que mães residentes da área urbana, parda e no terceiro trimestre da gravidez foram as mais afetadas pelo vírus, evidenciando a importância de medidas públicas de saúde materno infantil para proteção e prevenção de agravos futuros. |