Resumo |
O diâmetro da madeira é uma das principais variáveis que influencia o tempo de carbonização e afeta o rendimento e a qualidade do carvão vegetal. As curvas de carbonização já são bem conhecidas para as madeiras do gênero eucalipto, porém até o momento pouco se sabe sobre o impacto dessa variável para os híbridos de Corymbia, que possuem alta densidade básica e baixo teor de lignina total. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi obter as curvas de carbonização para diferentes classes diamétricas da madeira de híbrido de Corymbia citriodora x C. torelliana. O experimento foi desenvolvido no sítio de pesquisa e inovação de carvão vegetal do Laboratório de Painéis e Energia da Madeira – LAPEM, UFV. Para a carbonização foram utilizados fornos de alvenaria com capacidade volumétrica de aproximadamente 1 m³ de madeira. O carregamento da madeira foi realizado manualmente, com o seu arranjo na posição vertical, com toras de até 1,0 m de altura, seguindo os três centros de classes definidos, a saber: 9,75, 14,25 e 17,75 cm de diâmetro, sendo chamadas de classe 1, 2 e 3, respectivamente. A condução da carbonização foi realizada a partir de ensaios preliminares, estabelecendo as curvas teóricas de carbonização a ser seguida. O monitoramento da temperatura dos fornos foi realizado por meio de pirômetro de medição indireta de temperatura, através de dois poços metálicos instalados nas laterais do forno e um em sua copa. O controle da admissão de ar para o processo de pirólise foi feito a partir da abertura e fechamento dos controladores de ar. O rendimento gravimétrico foi determinado pelo quociente da massa de carvão vegetal produzido e a massa de madeira enfornada. Determinou-se a composição química imediata, seguindo a norma ABNT NBR 8112. Os resultados foram submetidos à análise de variância, e aplicou-se o teste de Tukey, a 95% de probabilidade. Utilizou-se o software Excel para plotar os dados de tempo e temperatura do processo e estabelecer as curvas de carbonização representativas por classe diamétrica. O tempo de carbonização foi influenciado pelo diâmetro da madeira, tendo tempos finais de 48, 54 e 56 horas, respectivamente, para as classes 1, 2 e 3, com incrementos médios de 12,5%, 16,7%, no tempo de total de ciclo de carbonização, para as classes 2 e 3. O rendimento gravimétrico também apresentou acréscimo proporcional entre as classes diamétricas, sendo este 28,3% na classe 1, 29,4% na classe 2 e 30,1% na classe 3. Os teores médios de carbono fixo dos carvões vegetais foram de 75,6%, 78,8% e 79,2%, para as classes 1, 2 e 3, respectivamente. Em função do rendimento gravimétrico e das propriedades dos carvões vegetais obtidos, conclui-se que as curvas de carbonização estabelecidas podem ser consideradas satisfatórias, visto que os valores obtidos estão próximos os obtidos em condições controladas de laboratório, fornos mufla, tendo a variável diâmetro impacto direto na produtividade dos fornos, devido ao maior tempo de ciclo total de carbonização. |