Resumo |
Eugenol é um composto fenólico encontrado em abundância no óleo de cravo e conhecido por seu amplo uso farmacológico. Além disso, eugenol também é utilizado em enxaguantes bucais e analgésicos dentários. Pouco se sabe sobre os efeitos desse composto sobre a morfologia de glândulas, principalmente as salivares. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da ingestão do eugenol sobre a histomorfometria do complexo submandibular-sublingual e pâncreas de ratos adultos saudáveis. Para isto, 20 ratos Wistar machos foram divididos em quatro grupos (n = 5 animais/grupo). Diariamente, os ratos foram tratados por gavagem com eugenol nas doses de 10, 20 e 40 mg Kg-1 de peso corporal, diluído em Tween 20 a 2% (veículo), enquanto animais controle receberam igual volume de veículo (CEUA 025/2019). Após 60 dias de tratamento, os animais foram eutanasiados e as glândulas submandibular, sublingual e pâncreas foram removidas, dissecadas, fixadas e processadas para inclusão em resina. Cortes histológicos de 3µm foram corados com hematoxilina e eosina e utilizados na obtenção de imagens do complexo submandibular-sublingual e do pâncreas em microscópio óptico acoplado a uma câmera digital. Para as morfometrias do complexo submandibular-sublingual, pontos coincidentes foram registrados sobre as áreas de ácinos mucosos, serosos, semiluas serosas, ductos e vasos sanguíneos. No pâncreas, foram considerados ácinos, ductos, ilhotas, vasos sanguíneos e tecido conjuntivo. As análises morfométricas foram realizadas no software ImageJ, calculando-se o volume relativo de cada componente. Os dados foram analisados pela ANOVA unifatorial, sendo seus resultados comparados pelo teste post hoc de Tukey considerando p < 0,05. Na glândula submandibular houve uma redução no volume relativo de ácinos serosos em ratos tratados com 10 (47,52 ± 1,40%), 20 (49,81 ± 2,11%) e 40 mg Kg-1 de eugenol (45,98 ± 4,52%) em relação aos animais controle (55,00 ± 1,66%; p < 0,05). O volume relativo de ductos foi maior em animais tratados com 10 (9,21 ± 0,57%), 20 (8,79 ± 1,36%) e 40 mg Kg-1 de eugenol (9,33 ± 1,01%) que em ratos controle (7,36 ± 0,98%; p < 0,05). Da mesma forma, um aumento no volume relativo de vasos também foi observado em animais tratados com 10 (6,12 ± 0,82%), 20 (5,12 ± 0,89%) e 40 mg Kg-1 de eugenol (7,19 ± 0,70%) que em ratos controles (3,08 ± 0,92%; p < 0,05). Na glândula sublingual, animais tratados com 40 mg Kg-1 de eugenol apresentaram maior volume relativo de semiluas serosas (43,47 ± 2,70%) e menor volume relativo de ácinos mucosos (37,16 ± 4,59%) que ratos controle (36,24 ± 2,25 e 45,32 ± 1,49%, respectivamente; p < 0,05). Já no pâncreas, houve apenas redução não volume relativo de vasos sanguíneos nos ratos tratados com 10 (2,37 ± 1,25%) e 20 mg Kg-1 de eugenol (2,80 ± 0,70%), em relação ao controle (5,76 ± 1,39%; p < 0,05). Concluímos que o tratamento com eugenol foi capaz de alterar a morfologia do complexo submandibular-sublingual e do pâncreas de ratos saudáveis. |