Resumo |
Introdução: O estilo parental na alimentação pode ser definido pelas atitudes que caracterizam a dinâmica de interação entre pais e filhos perante o ato de alimentar-se. Diante da influência exercida pelos pais durante o desenvolvimento dos hábitos alimentares na infância, é essencial elucidar como as atitudes parentais estão associadas com a qualidade da alimentação das crianças. Objetivos: Analisar o estilo parental de alimentação das mães e verificar sua associação com a qualidade da alimentação das crianças. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, no formato online com servidoras e estudantes de instituições de ensino superior públicas do Brasil e seus filhos (34,11±12,09 meses). A coleta de dados ocorreu pelo envio de questionários semiestruturados online usando a ferramenta Google Forms. Avaliou-se o consumo alimentar das crianças com base no Formulário de Marcadores de Consumo Alimentar para as faixas etárias até 24 meses e acima de 24 meses, e o estilo parental na alimentação, a partir do Questionário de Estilos Parentais de Alimentação (QEPA). Os dados foram organizados no Excel e passaram por análise univariada nos programas Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, versão 26.0). As associações foram feitas pelos testes do Qui-Quadrado de Pearson e Exato de Fisher, com nível de significância estatística de 5%. Resultados: Participaram do estudo 416 mulheres, com média de idade de 35,38 anos (±7,97). Quanto ao consumo alimentar das crianças, houve predomínio de alimentos saudáveis em comparação aos não-saudáveis em ambas as faixas etárias. Quanto ao estilo parental de alimentação, os perfis indulgente (75,5%) e negligente (24,3%) foram mais frequentes entre a amostra estudada. Ao analisar a associação entre estilo parental e qualidade alimentar, observou-se que entre as crianças < 2 anos, a maior frequência de consumo de alimentos ricos em vitamina A (95,5%) ocorreu pelas filhas de mães de perfil indulgente, sendo significativamente maior quando comparadas com as de mães de perfil autoritativo (p<0,05). Já a ausência do consumo de ultraprocessados (96,8%) e biscoitos recheados, doces e guloseimas (94,5%) foi significativamente maior nos filhos de mães indulgentes (p<0,05). Entre as crianças ≥ 2 anos, o hábito de realizar no mínimo as três refeições principais do dia (73,2%), consumo de frutas (73,6%) e consumo de verduras e legumes (75%), apresentou maior frequência entre as filhas de mães indulgentes quando comparadas às mães autoritativas (p<0,05). Verificou-se também que entre as filhas de mães indulgentes, a ausência do hábito de realizar as refeições assistindo TV (81%), consumo de bebidas adoçadas (76,2%) e biscoito recheado, doces e guloseimas (78,1%) foi significativamente maior em comparação às mães autoritativas (p<0,001). Conclusão: Constatou-se que o estilo parental indulgente teve uma tendência a melhor qualidade alimentar das crianças quando comparados aos demais estilos parentais em ambas faixas etárias. |