Resumo |
Introdução: A obesidade é uma doença de ordem multifatorial, decorrente da interação entre fatores genéticos, psicossociais, socioeconômicos e metabólicos. Nas últimas décadas, tem sido considerada uma epidemia sem precedentes, por sua incidência em diferentes faixas etárias e classes sociais. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, revelam que 1,8 milhão da população de jovens (15 a 17 anos) encontra-se com excesso de peso, sendo que, cerca de 1/3 destes indivíduos são obesos. Evidencia-se a necessidade de se buscar estratégias educativas que minimizem o atual cenário. Nesse sentido, a Educação Física (EF) escolar sinaliza potencialidades para uma educação vinculada à conscientização de um estilo de vida ativo. Esse fato leva a necessidade de conhecer como vem sendo percebida a relação entre a obesidade juvenil, a escola e a EF na ambiência da formação inicial de professores de EF. Objetivos: Identificar a percepção de docentes de EF dos cursos de EF em Instituições de Ensino Superior (IES) sobre o papel da EF escolar no controle do sobrepeso e obesidade juvenil. Metodologia: Estudo descritivo-exploratório, realizado a partir da aplicação do questionário Perceptions of Youth Obesity and Physical Education Questionnaire, em versão traduzida para o português. O grupo amostral foi composto por 22 professores (18 homens e 4 mulheres) de EF atuantes em IES em Minas Gerais. O preenchimento do questionário foi feito de forma remota pela plataforma google forms, no período de março a abril de 2022. Resultados: A análise dos dados mostrou que, numa proporção majoritária (73%), os professores compreendem a temática obesidade juvenil relevante nos últimos tempos e notam que, a maioria das aulas de EF não são organizadas com fins de propiciar hábitos de vida e padrões de exercício que ajude no controle do peso (69%). Nesse panorama, percebe-se também que a carga horária disponível às aulas de EF na escola é insuficiente para alterações corporais dos estudantes de forma significativa (59%). Apesar disso, parte dos entrevistados discorda tanto em realizar aulas de EF pensadas especificamente a jovens obesos (55%) ou aulas centradas no cuidado com a forma física (46%) como ser de responsabilidade do professor de EF o controle e tratamento da obesidade juvenil (72%). Mesmo assim, 68% dos docentes considera pertinente a inserção de conteúdos relacionados a nutrição e controle de peso nos currículos escolares. Conclusões: Os docentes percebem a obesidade juvenil um sério problema presente na sociedade, que demanda medidas e estratégias por parte do poder público para minimizá-lo. Dentre elas, a elaboração de disciplinas curriculares que abordem aspectos relacionados ao estilo de vida e hábitos saudáveis. No entanto, trata-se de uma temática que não deva estar circunscrita à disciplina EF escolar. Diante do exposto, faz-se necessário ampliar a produção científica acerca da contribuição da escola na formação do bom habito alimentar e estilo vida ativo. |