Resumo |
O urucum (Bixa orellana L.) é um arbusto lenhoso cujo valor econômico da espécie está ligado ao apocarotenoide bixina, encontrado em todos os órgãos da planta. A bixina é o principal metabólito secundário da espécie, sendo um dos poucos corantes naturais de uso comercial, largamente utilizado em diversas indústrias. Não obstante de sua relevância, pouco se sabe sobre o desenvolvimento e fisiologia da espécie. O módulo miR156/SPL torna-se importante para a solução desta problemática, visto que o miR156 regula alvos como os fatores de transcrição SQUAMOSA Promoter-binding Protein-Like (SPLs), modulando a troca de fases, acoplando o crescimento e o desenvolvimento e a biossíntese de compostos secundários em diversas espécies. Isto posto, hipotetiza-se aqui que o módulo miR156/SPL altera a produção de bixina e que esta alteração se dá por mudanças no perfil hormonal em plantas de urucum. Para tal, foram utilizadas plantas não transformadas (NT), com quatro repetições, e duas linhas de plantas transgênicas que superexpressam miR156 (OE::156-1 e OE::156-4), com 8 repetições cada. As plantas foram aclimatizadas em casa de vegetação sob regime de rega diária. Todas as etapas seguiram as normas de biossegurança da CTNBio e CIBio/UFV. Para as mensurações do teor de bixina e de fitormônios das linhas NT e OE::156 foram realizadas coletas de oito folhas expandidas (terceira folha do ápice a base) de cada repetição, em plantas de 90 dias após a aclimatização. Foi utilizado LC-MS/MS para quantificação e identificação de fitormônios e bixina. Para a contagem dos canais de bixina, as faces abaxiais de três folhas expandidas de cada linhagem foram fotografadas em três porções das lâminas foliares: basal, mediana e distal, ao 180o dia. Todos os dados foram submetidos ao teste t de Student a 5%. Identificou-se a presença de ácido-3-indol-acético (AIA), Zeatina (ZEA), ácido giberélico (GA3), ácido jasmônico (AJ) e ácido salicílico (AS), etileno por ácido aminociclopropano-1-carboxílico (ACC) ácido abscísico (ABA) em todos os tratamentos; todavia, apenas para duas isoformas de Zeatina (ZEA-2-cis e ZEA-1-trans), GA3, AIA e ABA houve diferenças significativas. Onde AIA e ABA apresentaram-se em maiores teores em plantas OE::156. Todavia, o teor de bixina teve diminuição em plantas que superexpressam miR156 comparativamente às NT. Quanto aos canais de bixina, na parte basal foram observados o mesmo número de canais entre as os tratamentos. Contudo, nas regiões mediana e apical, menor número de canais foram obtidos em plantas OE::156. Dessa forma, plantas que superexpressam miR156 realocaram o carbono necessário para biossíntese de bixina e o direcionou a outras rotas metabólicas, possivelmente para a síntese de ABA, rota essa proveniente de carotenoides. Nas condições experimentais, evidencia-se que o módulo miR156/SPL pode alterar a biossíntese de diversos compostos, dentre eles a bixina. |