Resumo |
A espécie de fungo Aspergillus flavus é importante durante o armazenamento de grãos, inclusive de feijão, sendo o seu controle fundamental para evitar perdas qualitativas e quantitativas. O gás ozônio (O3) tem se destacado como alternativa aos fungicidas sintéticos para o controle de microrganismos em produtos armazenados. Neste sentido, objetivou-se com este trabalho (i) caracterizar o processo de saturação do O3 em diferentes vazões específicas em grãos de feijão vermelho; (ii) determinar a eficácia do ozônio na inativação de Aspergillus flavus e (iii) avaliar a qualidade dos grãos ozonizados. Para aplicação do O3, amostras de 3,0 kg de grãos foram acondicionadas em protótipo cilíndrico de PVC (0,20 m de diâmetro e 0,20 m de altura), dotado de tela metálica localizada a 0,05 m da base do protótipo. A concentração de entrada do O3 foi de 10 mg L-1, adotando-se vazões especificas de 0,3 e 1,0 m3 min-1 t-1 e tempos de exposição de 0, 5, 10, 20 e 30 h. O tratamento controle foi realizado utilizando-se oxigênio. O ozônio foi aplicado na base do protótipo, sendo a concentração residual quantificada na saída da massa de grãos. A concentração residual do gás foi determinada em intervalos regulares até que permanecesse constante. Determinaram-se o tempo de saturação e a concentração de saturação. Para determinar a eficácia do O3 na inativação de A. flavus, os grãos previamente inoculados, foram dispostos em gaiolas de plástico envoltas por organza e dispostas no topo da massa de grãos. Quantificou-se o percentual de grãos infectados por A. flavus pelo método de plaqueamento direto. Na avaliação da qualidade, consideraram-se o teor de água, a diferença de cor, tonalidade de cor e saturação de cor dos grãos. Para a vazão específica de 0,3 m3 min-1 t-1, o tempo de saturação e a concentração de saturação do ozônio na massa de grãos foram de 19,43 min e 7,10 mg L-1, respectivamente. Para a vazão vazão específica de 1,0 m3 min-1 t-1, obtiveram-se valores iguais a 16,79 min e 7,14 mg L-1, para tempo de saturação e a concentração de saturação do ozônio, respectivamente. No que se refere ao controle de A. flavus nos grãos pelo ozônio, obtiveram-se reduções nos percentuais de infecção de 0,0; 10,0; 34,8 e 48,2%, para vazão específica de 0,3 m3 min-1 t-1 e tempos de exposição de 5, 10, 20 e 30 h, respectivamente. Por outro lado, para a vazão específica de 1,0 m3 min-1 t-1, as reduções nos percentuais de infecção foram iguais a 25,0; 13,3; 26,7 e 32,1%, quando adotados tempos de exposição de 5, 10, 20 e 30 h, respectivamente. Houve tendência de redução no teor de água dos grãos quando adotada a vazão específica de 1,0 m3 min-1 t-1. O ozônio não alterou a cor dos grãos. A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que o ozônio é capaz de reduzir o percentual de infecção por A. flavus em grãos de feijão, sem alterar a qualidade do produto. |