Resumo |
Introdução: Diabetes Mellitus (DM) é definida como uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia crônica. No Brasil, mais de 13 milhões de pessoas (aproximadamente 6,9% da população) são afetadas por essa condição, com expectativa de aumento até 2030. O DM afeta o organismo de diferentes formas, podendo causar sintomas neurológicos, sensoriais, vasculares, urinários, intestinais e visuais, trazendo complicações associadas a diversos sistemas e alguns destes indivíduos têm Hipertensão Arterial (HA) associada. O diagnóstico e acompanhamento de pessoas com DM é feito, principalmente, a partir da dosagem sérica da Glicemia de Jejum (GJ) e da hemoglobina glicada (HbA1c). Objetivo: analisar a relação entre os níveis de GJ e HbA1c e os sintomas apresentados por indivíduos com diagnóstico de HA e, ou DM. Metodologia: estudo transversal, realizado com 42 indivíduos diagnosticados com HA e, ou DM, acompanhados pelas equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) em Piranga, Minas Gerais, em maio de 2022. A coleta de dados aconteceu por meio de aplicação de questionário semiestruturado e adaptado para a população de estudo, contendo questões sociodemográficas, condições de saúde, sinais e sintomas apresentados, avaliação clínica com aferição de pressão arterial sistólica e diastólica, bem como a medição da GJ. Todos os entrevistadores foram devidamente capacitados para a aplicação do questionário. Os exames bioquímicos foram obtidos por meio de prontuários físicos e pelo e-SUS. A análise estatística foi realizada por meio de análises de frequência e regressão linear múltipla. Todas as análises foram realizadas no Software SPSS. Resultado: a maioria dos indivíduos são do sexo feminino (66,7%) e aposentados (23%). A prevalência de DM na população analisada foi de 40,5%. A GJ média foi de 99,4 mg/dL e de HbA1c de 5,74%. GJ se associou positivamente à fraqueza, fadiga ou letargia e a náuseas ou vômitos. A presença de fraqueza, fadiga ou letargia foi associado a um aumento de 31,5 mg/dL (p=0,04) no nível sérico da GJ, enquanto a presença de náusea ou vômitos foi associado a um aumento 35,14 mg/dL (p=0,05) do nível da GJ. Não houve associação entre os sintomas e a variação da HbA1c. Conclusão: o estudo mostra que sintomas sistêmicos estão associados a um nível sérico da GJ maior, o que reforça a importância do controle glicêmico para reduzir ou evitar o aparecimento de sintomas neste grupo populacional. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de diagnóstico e tratamento adequado dos pacientes com DM ou fatores de risco para o desenvolvimento, visando o cuidado integral a partir da APS, tendo como principais objetivos a melhora na qualidade de vida e a redução de desfechos desfavoráveis, como a mortalidade cardiovascular e a progressão de complicações incuráveis. |