Resumo |
Análises de extratos vegetais por Cromatografia Gasosa (CG) são geralmente comprometidas devido à presença da clorofila, uma vez que essa não elui no sistema e se degrada no injetor e nos metros iniciais da coluna capilar. Portanto, uma etapa de limpeza (clean-up) a fim de remover a clorofila se faz necessário. Atualmente, adsorventes contendo amina primária e secundária (nome comercial PSA) e octadecano (C18) são utilizados na etapa de limpeza como adsorvente único ou em conjunto, no entanto, são onerosos e nem sempre efetivos. Nesse sentido, biocarvões (do inglês Biochar) tornam-se materiais potencialmente promissores, os quais são produzidos a partir da pirólise de matérias orgânicas ou biomassa, sendo escolhida para o presente projeto a palha de café Arábica. A biomassa foi pirolisada em temperaturas distintas (300, 400, 500 e 600 ºC) e posteriormente tamisada em três granulometrias (1,0, 0,15 e 0,0053 mm), totalizando um conjunto de doze amostras de biocarvões, sendo todos caracterizados por análise elementar de carbono, nitrogênio, oxigênio e enxofre (CHNS), espectroscopia na região do infravermelho por transformada de Fourier (IV-TF), difração de raio-x (DRX) e análise do ponto de carga zero (pCZ), a fim de obtermos informações sobre a composição química e aspectos estruturais da área superficial do biocarvão. Extratos vegetais de folhas secas destinadas ao preparo de chá verde, Camellia sinensis, foram a matriz a ser avaliada, cujos biochars produzidos foram empregados para a remoção da clorofila utilizando as técnicas de extração por Partição em Baixa Temperatura (PBT), seguida por Dispersão em Fase Sólida (d-SPE). Para 3 mL de extrato de chá verde, 100 e 200 mg dos diferentes biochars foram utilizados, variando-se a faixa de pH entre 4, 7 e 10. O percentual de remoção de clorofila foi mensurado utilizando Espectrofotômetro na região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis) em 410 e 660 nm, valores correspondentes aos máximos das bandas de absorção da clorofila. Foi observado que o Biochar pirolisado a 300 ºC e granulometria de 1,0 mm obteve os melhores percentuais de remoção, comparados aos demais, o que foi correlacionado com a presença de grupos funcionais específicos em sua superfície, associado aos resultados das análises por CHNS e IV-TF. Além disso, foi observado que o aumento na quantidade utilizada de biochar e o pH básico também favoreceu a remoção de clorofila, o que pode estar relacionado à desprotonação dos grupos funcionais presentes na superfície do biochar, uma vez que o mesmo apresenta pCZ em Ph 8,44. Os resultados para a adsorção máxima de clorofila foi de 23 %, utilizando 200 mg de biochar obtido à 300 ºC com tamanho de 1,0 mm e em pH 10. Por fim, outros estudos estão em andamento para avaliar se o biochar produzido pode ser efetivo se utilizado em conjunto com outros adsorventes. |