Resumo |
Hodiernamente, é indiscutível as ameaças em que comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas sofrem no que se diz respeito aos seus territórios, culturas, saberes e direitos. Diante dessa realidade, este projeto tem por objetivo fazer o levantamento de plantas medicinais, alimentícias e tecnologias sociais em quintais de comunidades tradicionais das regiões da Zona da Mata e do leste de Minas Gerais, bem como apoiar a construção de protocolos bioculturais, visando contribuir com a garantia dos direitos consuetudinários. A fim de integrar os grupos e construir uma metodologia participativa e orientada por povos tradicionais do campo, foi realizado dia 11 de junho de 2022, na sede do Grupo Entre Folhas-Plantas Medicinais, o primeiro seminário que reuniu professoras e estudantes da UFV, da UFOP e da UEMG, além de representante do CTA-ZM, que desenvolvem ações a partir do tema socioagrobiodiversidade. Cabe destacar que diversos dos estudantes da UFV presentes são representantes de povos tradicionais, de comunidades do entorno de Viçosa. O Seminário teve objetivo de aprofundar conceitos como socioagrobiodiversidade, segurança e soberania alimentar e protocolos bioculturais e sobretudo abrir a construção coletiva de uma metodologia de campo a ser adotada nesta pesquisa. Para tal, foram construídas duas Instalações Artístico Pedagógica (IAP), no espaço do Acervo Biocultural do Grupo Entre Folhas, trazendo elementos representativos das ações desenvolvidas pelos grupos. Na preparação do Seminário, em uma roda de conversa, com integrante da Articulação Pacari - Plantas Medicinais do Cerrado, emerge a demanda do Grupo Retomada Puri de Viçosa de construção do seu protocolo biocultural, para a garantia de seus direitos, historicamente negados, de seu território e de suas territorialidades. Tal realidade, constituiu uma das IAPs construídas no Seminário. Houve também a IAP dos projetos vinculados a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da UFV, que teve como foco as feiras de alimentos, a soberania e segurança alimentar. Houve espaço para uma formação sobre Protocolos Bioculturais, ministrada por membro da Articulação Pacari. Ao final os participantes apontaram suas principais reflexões sobre possibilidades metodológicas e comunidades a serem inseridas. A dinâmica utilizada no Seminário possibilitou a aproximação dos grupos, a formação nas temáticas e nos instrumentos centrais do projeto, o entendimento dos protocolos bioculturais como dimensão política do valor do conhecimento tradicional e a identificação de possíveis caminhos para a consolidação dos protocolos, como a sua inserção na regulamentação do Polo Agroecológico da Zona da Mata. |